SEM LIMITES
O deputado Eduardo Cunha, ao falar ontem, no Conselho de Ética da Câmara Federal, advertiu seus pares de que voltará ao comando do Legislativo em breve, apostando que, na semana que vem, retomará sua cadeira. Trata-se de um fato a conferir, mas que atesta a “petulância” com que ele age e ignora os preceitos estabelecidos pela Justiça. Mais uma vez, em depoimento, negou ter dinheiro no exterior, a despeito das muitas provas em contrário e apresentadas pelos deputados. Um dos momentos mais tensos foi com o deputado Júlio Delgado, mas a temperatura subiu não entre ambos, mas com um dos membros da tropa de choque que saiu em defesa de Cunha, ofendendo o deputado juiz-forano com palavras que escapam ao decoro parlamentar.
Discussões à parte, o resultado foi mais uma audiência sem conclusão, pois Cunha, como, aliás, já era esperado, não abriu a guarda e manteve-se, como em outros depoimentos, numa linha de coerência própria de quem está pronto para se defender a despeito das evidências. Embora afastado do cargo, ele continua sendo um dos players da política, como ficou claro na indicação do líder do Governo. Disse que não moveu um só dedo, mas o histórico do deputado André Moura (PSC) diz o contrário. O que fará no cargo é uma incógnita, mas já conquistou a antipatia do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros.
É nesse cenário que o presidente interino, Michel Temer, encerra sua primeira semana completa à frente do Governo. Em alguns momentos, mostrou-se titubeante, em outros, com dificuldade ante a pressão, sobretudo por conta do fim do Ministério da Cultura. São muitos os protestos também pela ausência de mulheres na sua gestão. O ponto forte, porém, está na economia. Temer mostra preocupação com os números e com o que vai encontrar pela frente. A indicação do ex-ministro Pedro Parente para a presidência da Petrobras aponta para um caminho que agrada o mercado, mas isso só não basta. O que será feito é o principal.