O sentido é a vida
Campanha de combate à violência no trânsito é uma agenda permanente que deve contar com a participação coletiva
A campanha nacional do trânsito, iniciada nesta quarta-feira em Juiz de Fora, tem como mote “no trânsito, o sentido é a vida”, numa clara advertência para a necessária humanização na relação entre veículos automotivos e pedestres. O permanente duelo entre tais personagens – uns abusando dos limites estabelecidos em lei, e outros, sem prestar atenção às regras de uso das vias urbanas – tem sido estatisticamente perverso. O número de mortos e feridos tem proporções de guerra se computado em escala nacional. O trânsito no Brasil é um dos que mais mata no mundo.
Como um mantra, todos os anos, são apresentados discursos que precisam ser materializados. As ações devem ter um caráter permanente, para se alcançarem números menos desconfortáveis. Para tanto, e a campanha caminha por essa trilha, é fundamental insistir na educação, especialmente de jovens e crianças. Além de multiplicadores, muitos serão os motoristas de amanhã.
A discussão, porém, não se esgota nos pedestres e nos motoristas. As cidades também precisam estar preparadas para implementar políticas de mobilidade suficientes para reduzir os danos. Boa sinalização, pavimentação adequada e trânsito ordenado são peças importantes nesse processo. No caso de Juiz de Fora, muito já foi feito, mas muito ainda há de ser realizado, sobretudo por se tratar de uma agenda permanente. As cidades são vivas e a cada dia apresentam uma performance.
Os legisladores também precisam entrar no processo, discutindo medidas de urbanização e atuando na busca de recursos. O trânsito é uma rubrica cara, sobretudo quando há necessidade de investimentos. Juiz de Fora é um típico exemplo. A cidade tem gargalos que precisam ser vistos holisticamente, e não como questões pontuais. Como já foi dito neste mesmo espaço, os pré-candidatos precisam colocar o tema nos seus programas de governo, a fim de apontar para projetos que vejam a mobilidade como um todo.
Outras medidas passam pela intensificação da fiscalização e pela educação de pedestres e motoristas. Muitas ocorrências são registradas pelo abuso nas vias urbanas; outras, por conta da distração e do uso inadequado das travessias. Como o objetivo é a vida, todos são parte do processo.