Fica Vivo

Projeto que levou anos para ser anunciado para a cidade não pode ser adiado em razão do contingenciamento de verbas definido pela área econômica do estado


Por Tribuna

19/06/2019 às 07h02

Nos vários eventos dos quais tem participado, o governador Romeu Zema tem destacado, com grande ênfase, a redução dos números da violência no estado, fruto, segundo ele, de um trabalho intenso da polícia e dos demais organismos da segurança pública. Tem razão. A redução é mostrada nos dados, mas não dá margem para celebrações, sobretudo por ser uma demanda permanente da população. E é aí que reside uma nova fonte de preocupação. Ao participar do ciclo de entrevistas promovidas pela Assembleia Legi slativa, o secretário de Justiça e Segurança Pública, general Mário Araújo, admitiu que podem ocorrer atrasos em alguns programas, resultado do contingenciamento definido pela área econômica para todas as pastas do estado. Nesse pacote, um dos programas ameaçados é o Fica Vivo, voltado para a prevenção da criminalidade, e com grande sucesso, especialmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte e na própria capital.

Recentemente, o programa foi anunciado também para Juiz de Fora, depois de anos de tentativa de sua expansão para as demais regiões do estado. Quando o número de crimes consumados contra a vida passou da casa dos cem por ano, começou na cidade uma empreitada para a implantação do projeto. Levou anos, mas ele foi anunciado. No entanto, as afirmações do secretário são preocupantes, pois Juiz de Fora não pode abrir mão de uma ação que levou tanto tempo para conquistar. O município tem uma das melhores taxas de resolução de crimes, porém carece de medidas preventivas, que poderiam melhorar ainda mais esses índices, e isso só será possível se o programa for levado adiante.

Num momento em que o Governo federal tenta passar pelo Congresso o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro, de combate intenso à violência urbana, qualquer medida em sentido contrário é um contrassenso, embora as condições econômicas do estado sejam reconhecidas. Em situações como essa, a definição de prioridades deve ser uma máxima, já que, entre perdas e ganhos, todos perdem se o corte ou o contingenciamento de verbas for confirmado.

De novo, como a Tribuna tem ressaltado em várias ocasiões, entra em curso a área política, que deve agir a partir da Assembleia para alertar o governador. Em Juiz de Fora, ele teve uma das votações mais expressivas para um candidato de primeira viagem, num claro reconhecimento da cidade da necessidade de mudar. Desse modo, tirar ou atrasar um projeto que o município cobra há anos dos dirigentes é frustrar os eleitores que apostaram no seu projeto mesmo, repita-se, reconhecendo o cenário crítico da economia do estado.

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