TODOS PERDEM
O presidente em exercício, Michel Temer, já nos primeiros ensaios, admitiu rever a relação com estados e municípios, hoje dependentes ao extremo da União. O pacto federativo é uma velha discussão, que se mantém na agenda, mas não avança, embora seja necessário. A centralização em Brasília teve como justificativa não apenas o controle da economia, mas também o viés perdulário de prefeitos e governadores, principalmente os primeiros, que gerenciavam mal os recursos públicos. Houve um tempo em que obras como fontes luminosas eram uma constante, sobretudo nas regiões de menor porte.
A inversão, no entanto, tornou-se perversa no momento em que o Governo federal assumiu o controle do caixa, mas deixou a conta para prefeitos e governadores. Perto do eleitor, esses executivos acabam ficando com o ônus que deveria ser dividido com Brasília. Ministros de estado, comumente percorrem o país anunciando obras, mas não garantem sua finalização por conta desse descontrole. Juiz de Fora tem vários empreendimentos que tiveram começo, mas sem previsão do fim, como é o caso da polêmica BR-440, de novo no centro das atenções por conta de uma tragédia no fim de semana, quando um ciclista foi atropelado.
Cheia de polêmicas, a rodovia tornou-se um imbróglio, a partir do momento em que sua conclusão perdeu a data. Surgida de um projeto que não passou por reavaliação, pois a matriz previa sua chegada até a Avenida Brasil, desconsiderou a nova conformação demográfica da cidade. Se antes podia passar pelo Vale do Ipê, hoje é impossível por conta de seu adensamento. Mesmo assim, foi iniciada e ficou sem pé e sem cabeça, pois, hoje, liga o nada a lugar nenhum.
O problema, porém, é que a rodovia não pode ficar do jeito que está, pois prejudica a população de seu entorno e não beneficia ninguém. Alguns pontos precisam ser concluídos, daí a importância do agir da Prefeitura. Afinal, no atual cenário, todos perdem.