País dividido em blocos

Apesar de 2019 não ser um ano de eleições, muitas disputas que parecem continuar dividindo a nação devem ocorrer, em especial, quando o assunto é a reforma da Previdência


Por Tribuna

19/03/2019 às 05h57

As eleições ficaram para trás em 2018, quando houve várias manifestações pelo país, que demonstraram intensas divisões e diferenças de ideias e posições políticas por região, algumas delas preocupantes, principalmente separando o Nordeste e as demais áreas do país. Apesar de 2019 não ser um ano de eleições, muitas disputas que parecem continuar dividindo a nação devem ocorrer, em especial, quando o assunto é a reforma da Previdência.

Esse debate se acirra com a criação de dois blocos por iniciativa de governadores de estados. Primeiro, no último dia 14, governadores dos nove estados do Nordeste se reuniram no Maranhão e assinaram um documento de criação do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste). Dois dias depois, governadores do Sudeste e do Sul do país se reuniram em Belo Horizonte, no último sábado, e acertaram a criação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud).

Nesse último caso, esse grupo, capitaneado pelo governador Romeu Zema (Novo), anunciou que vai trabalhar para apoiar “incondicionalmente” a reforma proposta pelo Governo de Jair Bolsonaro (PSL). Já no grupo criado no Nordeste, liderado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), há uma série de críticas à reforma encaminhada pela equipe econômica do ministro Paulo Guedes, e já está certo que o consórcio irá buscar a revisão de alguns pontos propostos.

O que ficou decidido no primeiro encontro em Belo Horizonte é que o Consórcio de Integração Sul e Sudeste vai propor um pacto de ajuda mútua entre os estados participantes em dez áreas estratégicas. A próxima reunião do Cosud vai acontecer no dia 27 de abril, em São Paulo, quando serão traçadas as primeiras metas do grupo nas áreas de segurança, educação, saúde, turismo, sistema prisional, logística e transporte, combate ao contrabando, desburocratização, desenvolvimento econômico e tecnologia e inovação. No Consórcio Nordeste, a iniciativa também vai buscar firmar parcerias, otimizar resultados e economizar recursos financeiros.

A imprensa questionou os integrantes do Cosud se essa organização seria uma reação à atitude tomada antes pelos governadores do Nordeste. A resposta foi dada pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB): “Não há concorrência ou competição. Não é uma resposta, é um fortalecimento para os estados”. Espera-se que, realmente, a resposta não fique apenas na teoria e que a soberania da nação não esteja ameaçada pelas questões ideológicas. Também espera-se que não haja boicotes de um bloco ao outro, e sim fortalecimento de uma maneira geral das regiões do país. Em princípio, a iniciativa dos consórcios parece saudável. Resta saber se esses blocos vão acabar aumentando a polarização, os preconceitos e os estereótipos entre as regiões do país ou se serão capazes de ajudar a melhorar a qualidade de vida e a crise sem precedentes hoje vivida pela maioria dos estados.

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