Temporada aberta
Realizadas as convenções e feito o registro das candidaturas, começa, agora, o período de proselitismo eleitoral, quando todos terão a chance de se apresentar para o eleitor
Esgotado o prazo de inscrição das candidaturas, está aberta a temporada de caça ao voto. Os políticos já estão nas ruas pedindo voto e apresentando suas propostas caso sejam eleitos. Mas o pleito deste ano é atípico, uma vez que caberá ao Judiciário definir questões pendentes tanto na esfera federal quanto na estadual. Em Brasília, o TSE deve dizer nos próximos dias se o ex-presidente Lula pode ou não ser candidato. Se houver recusa, o PT vai recorrer; se for aprovado, haverá recurso da oposição. Essa bola ainda vai ser jogada até o mês que vem. E é aí que a atenção deve ser dobrada. Se até o dia 20 de setembro não houver uma decisão de mérito, o nome e o retrato de Lula terão, necessariamente, que ser inseridos nas urnas. Esta é a data que os equipamentos são inseminados com os dados dos candidatos.
No caso de Minas, o impasse envolve a candidatura do empresário e ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda. Terceiro lugar em todas as pesquisas, ele se apresenta como o caminho do meio no enfrentamento polarizado entre os candidatos Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), mas esbarrou em demandas de seu próprio partido. O PSB, que durante todo esse tempo incentivou uma candidatura forte em Minas, cedeu aos apelos do ex-presidente Lula e fez um acordo nacional envolvendo troca de atores. Em Pernambuco, onde os socialistas tentam a reeleição do governador Paulo Câmara, saiu a candidata Marília Arraaes, do PT, que tinha grandes chances de vitória. Em Minas, para a reeleição do petista Fernando Pimentel, a cabeça de Lacerda foi colocada a prêmio. No Nordeste, a candidata petista brigou por dentro, mas aceitou a deliberação da nacional. Aqui, Lacerda, incentivado por seu grupo, levou a questão para a Justiça.
Ante tais impasses, o quadro não está definido, especialmente na luta pela Presidência. Com Lula, a campanha é uma; sem ele, muda tudo. As pesquisas têm mostrado (inclusive em Minas) que o ex-presidente lidera em todos os quadrantes. Sem ele, quem ascende à primeira posição é Jair Bolsonaro (PSL). Mas política, como bem lembrava o ex-governador Magalhães Pinto, é igual nuvem, estando a cada momento em um lugar. Agora, quando os candidatos, de fato, serão chamados a se posicionar, a ocupação das pesquisas pode passar por mudanças. A meta comum é chegar ao segundo turno. Sem Lacerda, porém, o pleito pode ser definido já na primeira rodada.