A força das campanhas
A redução do número de trotes é fruto de campanhas educativas de longo prazo, apontando que a população, quando bem conscientizada, reage positivamente aos projetos de esclarecimento
Um levantamento elaborado pela Central de Atendimento do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste/Samu indica que, das cerca de mil ligações recebidas por dia, 98 são trotes. No entanto, constatou-se uma expressiva redução. No primeiro semestre do ano passado, das 205.025 ligações recebidas, 35.426 foram trotes, configurando 17%. No mesmo período deste ano, foram 180.307 chamadas de emergência, e cerca de 10% eram falsas.
Os números continuam altos, mas a redução é resultado de campanhas educacionais implementadas pelo próprio serviço, especialmente em escolas dos municípios atendidos pelo consórcio. O sucesso desse projeto torna-se uma referência para outras áreas que relutam em investir em campanhas educativas por considerá-las caras e sem grande eficácia. Depende do modelo adotado. O coordenador do Núcleo de Educação Permanente do Samu, Júlio César Andrade, observou que esse trabalho vem sendo realizado há cinco anos. “Nossa ida aos estabelecimentos é frequente para conscientização das crianças, envolvendo também os professores.” Ele destacou também projetos como o Maio Amarelo, em parceria com outros órgãos, como Bombeiros, Polícia Militar e Guarda Municipal. Nestas ações foi distribuído farto material para a população.
O enfrentamento à dengue é um dado a ser considerado. Embora no segundo semestre, a cidade continua com números expressivos de contaminação, indicando que campanhas, como as que levaram à redução dos trotes, também poderiam dar resultados contra o mosquito Aedes aegypti. A população precisa ser alertada sistematicamente dos riscos e orientada a fazer a sua parte no combate à doença. Seria, no entanto, um trabalho de longo prazo, mas sem interrupção. O Governo, em todas as suas instâncias, também precisa fazer a sua parte, insistindo em projetos que, de certa forma, deram certo. Um deles é o fim dos lixões espalhados pelos bairros da cidade. No momento mais crítico da doença, a cidade foi alvo de uma série de mutirões que recolheram toneladas de entulhos, verdadeiros criadouros do mosquito. Essa fase refluiu, e as ações são pontuais.
Se população e as instâncias públicas se unirem, certamente, os números de 2020 serão menores. A força das campanhas, para tanto, será fundamental para o sucesso desses projetos.