Sem saída

Ação do Governo federal não pode ser um mero ato político, quando há expectativa coletiva de um basta ao ciclo de insegurança que afeta o estado vizinho


Por Tribuna

17/02/2018 às 07h00

A intervenção na Segurança do Rio de Janeiro, decretada pelo Governo federal com aval do Congresso, é o claro retrato de uma cidade há muito tempo sem comando, deixando a população exposta às mazelas do dia a dia que chegam também a outras instâncias. O Rio de Janeiro, cujo prefeito, na hora mais crítica, estava no exterior, tem problemas também na sua gestão financeira e nas políticas de promoção social. Essa mistura foi a receita completa para se chegar a tal situação. O próprio governador admitiu que não há outra saída e considerou que a ação da União, agora de forma objetiva, pode ser a solução para o impasse que se acentuou no carnaval. As cenas que foram pelo mundo afora expuseram a face degradante de uma cidade acolhedora, agora marcada pela violência.

Ao afastar a cúpula da Segurança, o Governo federal também explicita o sentimento coletivo em torno da falta de controle. A cadeia de comando estava comprometida pela incapacidade dos próprios agentes em obter meios para executar o trabalho. Uma das questões a serem tratadas pelo general Walter Souza Braga Netto, interventor nomeado, é a falta de equipamentos das polícias Civil e Militar do estado, hoje em desvantagem ante o crime organizado (que nem tão organizado assim é). Ademais, faltam efetivo e salários dignos para uma profissão de extremo risco.

Essa face, aliás, não se esgota no Rio de Janeiro. Nos demais estados, a segurança pública tem demandas semelhantes fruto, sobretudo, da falta de diálogo entre as instituições e as instâncias de poder. O Plano Nacional de Segurança, que seria a referência para a integração das ações, não sai do papel, e não há explicações para tamanha morosidade quando a violência vem crescendo há tempos. O que ocorreu no carnaval foi apenas a reverberação de vários eventos que têm marcado a rotina das cidades.

A Constituição é clara ao apontar que esse tipo de intervenção precisa ter dia e hora para começar e terminar, com divulgação plena do que será feito e de quais agentes estarão envolvidos. Como se trata de algo extremamente drástico, não dá para especular. Agora, é colocar a ação em curso.

E é aí que entra outra questão, agora envolvendo Minas Gerais. É preciso reforçar as ações nas divisas com o Rio, a fim de evitar o êxodo de bandidos em fuga, que sempre procuram locais mais próximos para sair da pressão.

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