Trânsito que mata
Uso do celular ao volante ficou mais crítico com as redes sociais, hoje acionadas a qualquer momento pelos motoristas, mesmo estando com o carro em movimento
Um estudo da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) revela que, ao usar o celular ao volante, as reações dos motoristas ficam até 35% mais lentas. No Brasil, a ação resulta em cerca de 150 mortes por dia, com uma média de 54 mil por ano. Esses dados não são os únicos, mas são os mais emblemáticos, de acordo com publicação da Tribuna na edição dessa quarta-feira, numa sinalização clara da necessidade de medidas educativas para a população. Se antes o telefone no seu uso tradicional já era um problema, essa questão tornou-se crítica com as redes sociais. É comum ver motoristas verificando sua correspondência no Facebook ou no WhatsApp mesmo estando o veículo em movimento e sabendo tratar-se de uma infração grave e de consequências de alto risco.
O Brasil é um dos recordistas em acidentes de trânsito graças a um expressivo número de dados que influenciam diretamente nas estatísticas. Além do uso indevido do celular, é necessário levar em conta outros fatores, a começar pela qualidade das estradas, mesmo as privatizadas, bem aquém do que deveria ser exigido pelo Dnit. Em boa parte, a pista de rolamento tem buracos, e a existência de acostamento é uma peça de ficção. Além disso, a sinalização, ora está comprometida pelo mato, ora está quebrada, deixando os usuários sem informações mínimas para cumprimento do percurso.
Nas áreas urbanas, o uso do celular é um dado recorrente, bastando alguns minutos de atenção para constatar o problema. O aparelho também tem sido usado como GPS fixado no painel ou no console, passando por verificação sistemática do motorista. Como mostram os dados, um simples desvio do olhar pode ter consequências graves.
Desde o período de grande aquecimento da economia, o número de veículos cresceu em progressão geométrica nas metrópoles, mas a população, em boa parte, não se preparou para esse novo cenário. Daí, quando há o uso indevido do celular, a possibilidade de acidente se potencializa, já que as ruas estão sempre cheias de carros e de pedestres que, ousadamente, descumprem também regras básicas de travessia.
Com esse somatório, a necessidade de campanhas permanentes deve ser uma das preocupações das autoridades, pois os acidentes de trânsito não se encerram em si, gerando ônus expressivos para o Estado, sobretudo no tratamento das vítimas.