BOM PARA TODOS
Na edição de domingo, a Tribuna mostrou a decisão dos partidos de apostar em novos nomes para as eleições de outubro. Trata-se de um dado positivo, pois é revelador da oxigenação dos quadros públicos que se faz necessária. Como em outros pleitos, novos atores se apresentam para o embate, como juízes, atletas, artistas, empresários, agentes públicos da área de segurança, entre outros. O pleito municipal tem características próprias, por ser mais próximo do eleitor. Na maioria das vezes, ele sabe quem é o candidato, conhece suas propostas e o que pode fazer. Na disputa para a Assembleia ou para o Congresso, a situação é outra, sobretudo quando se trata dos nomes de outras regiões que aparecem de quatro em quatro anos.
Os cerca de 800 novos filiados são a garantia de que o povo ainda vê na política uma via de transformação, mas é preciso ir além, transformando o pleito numa agenda que envolva os interesses coletivos, voltada, sobretudo, para as necessárias mudanças. Hoje, há um extremo desgaste da política por força da inversão de valores que ela tem representado: são personagens que atuam em favor do interesse particular, quando não próprio, em vez do propósito que os colocou nos parlamentos. Os recentes escândalos são a prova material desse discurso.
Esses personagens têm, ainda, um novo desafio: a campanha eleitoral será feita num cenário econômico de incertezas e sem o financiamento empresarial, uma das matrizes desse jogo de interesses que permeia o atual quadro político. Os candidatos terão que ir às ruas apresentar seus projetos e dar a garantia de que estes são factíveis. Mais do que isso, terão que fugir das promessas rasas, muitas delas, aliás, longe das prerrogativas do Legislativo.
Por sua vez, o eleitor que emergirá dos recentes episódios – e bem informado – será mais exigente, o que é bom para todos, inclusive para os próprios candidatos.