O pior dos males
Não bastasse a tragédia, população do Rio Grande do Sul convive com a insegurança ante os saques e com a disseminação de notícias falsas
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, pediu ajuda aos estados vizinhos e ao Governo Federal para encaminharem agentes da guarda nacional e das policias estaduais para ajudarem na segurança no seu estado. A despeito da tragédia que uniu brasileiros e brasileiras – independente do viés ideológico -, ainda há os que se aproveitam da situação para tirar vantagens.
No fim de semana, uma das lojas da Arena Grêmio foi assaltada. Não eram vítimas da tragédia em busca de recurso. Eram, sim, bandidos, que se aproveitaram da situação para efetuar saques. O mesmo modelo se dissemina pela região. Até barcos de voluntários que atuam no resgate às vítimas estão sendo atacados; residências são invadidas levando moradores, mesmo em situação de risco, a permanecerem nos seus lares.
Os oportunistas surgem a qualquer momento. Basta um acidente com determinado produto para, em minutos, aparecerem sem se importar com a vítima, olhando apenas para o próprio umbigo. Por isso, a ação das polícias e da guarda também se tornou uma necessidade básica para dar um mínimo de segurança aos próprios públicos e privados que estão sob risco de serem saqueados.
Mas há outras mazelas. Nas redes sociais, circulam notícias falsas sobre o Rio Grande do Sul. Isso evidencia a falta de empatia dos autores, que distorcem fatos por motivações políticas ou para prejudicar as medidas de recuperação em andamento.
Influenciadores, políticos e outros atores das redes sociais têm agido de má-fé, ignorando o sofrimento de milhares de pessoas e comprometendo até mesmo o processo de doações que se desenvolve pelo país afora.
Este, é o maior dos males, pois não tem origem nos habituais e repugnantes vândalos, e sim em personagens em busca de engajamento, ou simplesmente para desmantelar todo o esforço realizado até o momento. As fake news tratando da tragédia têm o fim deliberado de comprometer a solidariedade nacional em torno de uma causa comum.
A Polícia Federal foi acionada para verificar vários perfis, já possuindo seus nomes e endereços digitais. Contudo, existem outros na rede mundial com o intuito de comprometer ações no Sul do país, visando tumultuar e criar incertezas.
As redes sociais são um terreno pantanoso, especialmente em anos de disputas eleitorais. Há processos de desconstrução de biografias, com o fim único de vantagem nas urnas. Mas há também outras motivações que ganham adesões e, sobretudo, compartilhamento. O que faz parte da estratégia.
Os autores de fake news não são ingênuos. Fazem suas publicações para as suas próprias bolhas. Estas, sem qualquer censo de curadoria, replicam sem se preocupar com as consequências, aliás, graves, como é o caso da tragédia do Sul. O que dizem terá repercussões irreversíveis, daí a necessidade de investigação e responsabilização dos autores de tais mazelas.