NOVO MODELO
Enquanto não ocorrer uma profunda reforma política, capaz de levar até mesmo à discussão sobre o parlamentarismo, embora seja essa uma tese pouco simpática ao brasileiro, serão poucas as esperanças de mudança no modo de fazer política nas instâncias de poder. O vice-presidente da República, Michel Temer, já se mostra refém dos mesmos problemas que afetaram os mandatos de Fernando Henrique, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, obrigados a barganhar com os partidos para montar o seu Governo e garantir a gestão.
O leilão de cargos no primeiro escalão corre solto, indicando que, a despeito da mudança de nomes, há risco de o futuro presidente ficar preso às amarras do fisiologismo. Os caciques políticos querem participar do poder indicando nomes de sua confiança, o que, consequentemente, gera desconfiança nas ruas, hoje à espera de transformações. Sem uma reforma, porém, a prática vai prevalecer, pois não há outro caminho capaz de manter estável a relação com o Legislativo sem a ele ceder no balcão que continua instalado.
Salvo exceções, e essas são raras, as legendas partidárias não atuam sob o viés ideológico. São conglomerados de interesses que não medem esforços para cobrar a conta. Se fosse só isso, porém, não haveria problema, pois até em regimes mais sólidos eles se manifestam. A questão é a forma pouco republicana que permeia tais relações. A despeito da Lava Jato e de outras operações, enquanto não houver mudanças, o surgimento de novos escândalos será apenas uma questão de tempo.