CASCA DE BANANA
O pacote de bondades anunciado pela presidente Dilma Rousseff, no dia 1º de maio, ante uma plateia de sindicalistas, em outras circunstâncias, seria positivo, mas não agora. Ele parece uma armadilha contra o seu vice, Michel Temer, prestes a assumir, pelo menos temporariamente, o Governo, em função do processo de impeachment em curso no Senado. A presidente resolveu, da noite para o dia, fazer o que poderia ter feito ao curso de seu mandato. Mais do que isso, porém, são as consequências. A equipe econômica, de acordo com todos os relatos colhidos até agora, é contra a medida, pois não há lastro para o seu cumprimento.
Neste caso, a presidente repete o estilo adotado durante seus dois mandatos de ouvir pouco os assessores e tomar decisões que acabam sendo problemáticas. No seu discurso, acusou a oposição de ser responsável pela crise econômica, esquecendo-se de que era ela quem tomava decisões contra o até então ministro da Fazenda, Guido Mantega, que deixou o Governo com a fama de culpado, embora não fosse ele, de fato, o gestor da economia.
Tais atitudes apontam para um descompromisso para com o país, que precisa de austeridade fiscal. A casca de banana que a presidente tenta jogar para o seu vice é, na verdade, uma ação contra a própria economia, já comprometida por inações de seu mandato. Fala-se, também, em convocar eleições presidenciais para outubro, o que seria positivo não fossem, de novo, as circunstâncias: ela age nesse sentido não por entender que as ruas devam se manifestar, mas para colocar em xeque o parceiro que com ela governa desde o seu primeiro mandato.