Matriz das soluções
Os candidatos falam pouco da educação mesmo sabendo da sua importância para a formação da cidadania. Números do MEC apontam para a necessidade de investimentos
A discussão sobre o futuro do Brasil torna-se mais enfática na campanha eleitoral, mas tem sido rasa, se baseando apenas em propostas com baixo grau de execução. Os políticos, especialmente estes, trabalham no curto prazo quando a questão é mais profunda. Países que fizeram a grande virada investiram em ações que demandariam décadas, mas que deram certo. É o caso da Coreia do Sul, durante toda a sua história bem atrás do Brasil e abaixo da linha da pobreza, que investiu fortemente na educação. Hoje é um país da inovação, capaz de se apresentar entre os players econômicos a despeito de não estar entre as grandes potências.
No Brasil, não. O país tem um forte potencial, é uma das maiores economias do mundo, mas vive uma crise constante em todas as áreas. O ponto de inflexão são os baixos investimentos na educação. A prova está nos dados do MEC. A divulgação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2017 constatou que a escola pública vai de mal a pior. O estado com melhor performance foi o Espírito Santo, onde a melhor nota máxima em matemática no ensino médio foi de 281,1 pontos, mas 18 pontos abaixo de quem teve a pior nota média na rede privada, em Alagoas, com 299,1 pontos. A constatação é da pesquisadora Mariana Leite, que foi divulgada pelo jornalista Ancelmo Gois, em sua coluna em “O Globo”.
Quando a escola pública tem essa performance e, sendo ela a base da maioria da população brasileira, fica clara a leniência do Estado que não zela adequadamente pelas suas crianças e pelos jovens. Em sendo eles o futuro, pouco recebem para se tornarem competitivos num mercado cada vez mais seletivo. Por isso, ficam fadados a empregos de segunda linha em razão de não terem a base adequada quando isso era possível.
É por conta do baixo investimento na educação que as demais instâncias apresentam índices precários. Um país com seu povo bem formado elabora o combate natural à violência, tem uma sociedade mais bem organizada e, sobretudo, investe em inovação. Os políticos sabem que a educação é a matriz de todas as soluções. Preferem, no entanto, atuar na desconstrução do oponente, o que só dá margem para se eleger o menos pior.