Medidas de segurança
A implementação de projetos sociais é fundamental nas políticas de segurança, agora com a participação conjunta de União, estados e municípios
Só prender não basta. A polícia vive um ciclo de prende e solta que não chega a lugar algum com desgastes dos próprios agentes por viverem diariamente essa ciranda. O enfrentamento à violência se faz – além da repressão – em outras frentes, pois só dessa maneira será possível combater essa permanente roda viva no sistema carcerário. A Primeira Conferência de Segurança, encerrada na noite de sexta-feira em Juiz de Fora, revelou vários aspectos a serem avaliados para reverter o jogo. Há consenso quando se trata da necessidade de investimentos sociais para enfrentar o problema na ponta.
Ficou clara, também, a necessidade de discussões permanentes e integradas, a fim de se estabelecer um projeto comum, no qual todas as partes estejam contempladas. A criação dos conselhos, uma exigência para a implementação de políticas públicas, é uma alternativa viável, para consolidar o interesse coletivo.
O evento aprovou 27 propostas para o Plano Municipal de Segurança, cuja etapa final será na Câmara Municipal, em votação dos 19 vereadores. A partir daí, a cidade se habilita a receber recursos do Sistema Único de Segurança, uma novidade que dá também às municipalidades um papel assertivo na discussão e na implementação de medidas de segurança. Até então, apenas os estados e União tinham essa prerrogativa. E era um contrassenso, pois é nas cidades em que as coisas acontecem. Essa virada cria uma nova frente.
Vários projetos já estão em curso em Juiz de Fora. Um dos mais exitosos é o Fica Vivo, de combate aos homicídios, especialmente na faixa de 19 a 24 anos. Funcionando no Bairro Olavo Costa, ele tem como foco projetos sociais que envolvem, especialmente, cultura, educação e lazer, a fim de dar à comunidade o senso de pertencimento e, sobretudo, de identidade. Mas, para uma cidade do porte de Juiz de Fora, é pouco.
Por pleito de várias lideranças, ficou claro que o programa precisa chegar a outras regiões, que, mesmo não experimentando os índices de violência da Vila, também têm sérios problemas de segurança. Em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, são quatro unidades. As lideranças políticas, com atuação direta na Assembleia, devem elaborar esse pleito, por ser uma necessidade imediata.