Patrimônio dos mineiros

A preocupação, neste momento, é que o futuro da Cemig seja também um futuro melhor para o povo mineiro. E que fique claro que os cidadãos já não aguentam mais pagar as contas de todos os problemas


Por Tribuna

01/03/2019 às 06h43

Em reportagem da Época Negócios, divulgada no site da revista em 26 de fevereiro de 2019, o consultor jurídico da FGV Energia, Gustavo De Marchi, afirma que “a Cemig tem representatividade para Minas que talvez seja equivalente ao que a Petrobras representa para o país”. Portanto há que se tratar a possibilidade de privatização da companhia, aventada ainda durante a campanha do atual governador, Romeu Zema, com toda a atenção e a preocupação que ela merece.

A despeito da crise sem precedentes vivida pelo Estado de Minas Gerais, é preciso lembrar que a companhia energética é um patrimônio dos mineiros. Só a título de comparação, a Cemig é avaliada em R$ 35 bilhões, incluindo as dívidas, enquanto a Companhia Estadual de Energia Elétrica CEEE), que faz a distribuição de energia em parte do Rio Grande do Sul, vale cerca de R$ 3,4 bilhões.

Com tudo o que vale, a Cemig interessa a grande número de empresas transnacionais, as chamadas gigantes globais, que estão de olho em um negócio lucrativo. Mas não é possível errar com o futuro desta companhia. Além disso, encarar esta empreitada será um processo politicamente desafiador para o Governo estadual, como dizem os especialistas. Por parte do Governo federal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse que estados em dificuldades poderão obter recursos ao entregar ativos para serem desestatizados com o apoio do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Enquanto o mercado internacional está ávido pelos ativos da Cemig, a população mineira segue desconfiada, característica que lhe é muito peculiar. Para o Poder Público, é preciso resolver uma questão imediata que é a falta de recursos nos cofres, enquanto para os mineiros uma das preocupações é o risco de a privatização levar a mais dificuldades nos serviços de atendimentos. Esta preocupação, por exemplo, já aparece em alguns setores cujos serviços da companhia são terceirizados.

Isto é o que mostra reportagem da Tribuna divulgada nessa quinta-feira, em que o presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Juiz de Fora ressalta a possível perda de qualidade no atendimento da companhia em alguns setores onde já existe a terceirização do serviço. A matéria mostra que há dois mil pontos sem energia elétrica em Juiz de Fora e região desde a última segunda-feira, quando houve um temporal na cidade, cujos raios atingiram uma subestação.

A situação atinge, particularmente, a Zona Rural, uma região já castigada por falta de muitas políticas públicas. E, ainda de acordo com a matéria, a situação da falta de luz tem sido recorrente. Em uma chuva anterior à desta semana, o proprietário de um sítio em Monte Verde ficou 70 horas sem energia, tendo prejuízo em sua produção.
A preocupação, então, neste momento, é que o futuro da Cemig seja também um futuro melhor para o povo mineiro. E que fique claro que os cidadãos já não aguentam mais pagar as contas de todos os problemas.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.