MPMG propõe à Vale contratação de auditoria independente em Rio Preto

Em razão de complexidade, Promotoria de Justiça de Rio Preto será auxiliada pela Coordenadoria Regional das Promotorias de Defesa do Meio Ambiente


Por Gabriel Ferreira Borges

22/03/2019 às 19h31- Atualizada 22/03/2019 às 20h05

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) propôs à Vale a contratação de auditorias independentes para apurar as condições da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Mello. Em fase de diligências, o inquérito civil reuniu, nesta quinta-feira (21), o promotor de Justiça de Rio Preto, Daniel Angelo de Oliveira Rangel, e representantes da Vale. Além de novas vistorias, documentos sobre a obra em execução desde novembro e dados sobre o monitoramento da barragem foram, ainda, solicitados. A complexidade do inquérito levou a Coordenadoria Regional das Promotorias de Defesa do Meio Ambiente a prestar auxílio à Promotoria de Rio Preto na investigação.

PCH-Mello-Rio-Preto
Na última quarta (20), Vale rebaixou o nível de risco de rompimento da barragem da PCH Mello. Empresa, contudo, mantém estado de alerta (Foto: Flávia Machado/Prefeitura de Rio Preto)

O MPMG concedeu até a próxima quinta (28) prazo para a Vale se manifestar a respeito da contratação de auditorias externas. “Caso discorde, o MPMG vai ver quais medidas vai adotar”, pontua Rangel. “Embora a proposta prevê que a Vale pague a auditoria, os peritos contratados reportarão para o Ministério Público”. Evacuados no sábado (16), 29 rio-pretenses retornaram, nesta quarta (20), às propriedades localizadas na Zona de Auto Salvamento (ZAS) da PCH Mello, uma vez que o nível de água do reservatório recuou 33 centímetros. Rangel, entretanto, preocupa-se com as precipitações. “A barragem já saiu do risco iminente de ruptura, mas a gente quer trabalhar. O período é chuvoso, então há possibilidade de novo aumento no nível de água.”

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Conforme a Prefeitura de Rio Preto, nesta sexta (22), o monitoramento periódico do volume do reservatório verificou rebaixamento de 51 centímetros do nível de água em comparação ao último sábado. Obras realizadas, desde novembro, na PCH Mello, também mobilizam a atenção da Promotoria de Justiça de Rio Preto a respeito da estabilidade da estrutura. “A gente requisitou algumas documentações do projeto da obra que está sendo realizada, os resultados de monitoramento da barragem etc.”, explica Rangel. O término das obras, segundo a Vale, está previsto para maio; durante o período, a empresa monitorará três pontos de passagem para estradas vicinais — Quitote, Campo do Lico e entroncamento com Furtado.

Questionada sobre as diligências, a Vale, por nota, informou, apenas, que “apresentou ao MPMG relatório de uma auditoria externa contratada que está acompanhando a situação da PCH Mello”.

PCH Mello
Conforme o Relatório de Segurança de Barragens da Agência Nacional de Águas (ANA), correspondente às avaliações de 2017, embora o dano potencial associado da PCH Mello seja alto, a categoria de risco é baixo. Construída em 1997, o reservatório acumula cerca de 4 milhões de metros cúbicos de água.

Auxílio de Regional do Meio Ambiente

A Promotoria de Justiça de Rio Preto solicitou ajuda à Coordenadoria Regional das Promotorias de Defesa do Meio Ambiente para a condução das investigações acerca da segurança da barragem da PCH Mello. Conforme o promotor Daniel Angelo de Oliveira Rangel, “em razão da própria complexidade da matéria, houve a necessidade da atuação conjunta com a coordenadoria”. Em nota, o MPMG confirmou o auxílio da Regional de Defesa do Meio Ambiente, “por se tratar de caso complexo e de ampla repercussão”. As coordenadorias, segundo o MPMG, são órgãos auxiliares. “Entre suas finalidades, estão as de orientar e sistematizar as ações dos órgãos de execução, como as Promotorias de Justiça.”

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