Parquetur detalha projetos para o Parque Estadual do Ibitipoca
Em entrevista exclusiva à Tribuna, diretor Executivo falou sobre principais mudanças após início da concessão
Em menos de três meses, a Parquetur vai assumir o uso público do Parque Estadual do Ibitipoca, um dos destinos turísticos mais procurados de Minas Gerais. A empresa assinou o contrato no último dia 23 e ficará responsável pelo turismo na Unidade de Conservação pelos próximos 30 anos. A concessão prevê uma série de intervenções e reformas nas estruturas do parque, algumas delas devem ser realizadas em um período de até dois anos. Em entrevista exclusiva à Tribuna, o diretor executivo da Parquetur, Pedro Cleto, detalhou as perspectivas e planos da empresa quanto à exploração turística do espaço.
Novo site e redes sociais
Após assinatura do contrato, a Parquetur entra na etapa de transição, período em que o Instituto Estadual de Florestas (IEF) segue sendo responsável pela operação do parque. Essa fase dura 90 dias, podendo ser prorrogada. Durante esse tempo, a concessionária terá algumas responsabilidades, como realizar o relatório de vistoria e plano de monitoramento de impactos de visitação.
Além disso, será estruturado um novo website e novo perfil do parque para as redes sociais. Pedro Cleto afirma que, já nesse período, a Parquetur deve implementar a compra de ingressos on-line. “Não vai precisar ser só em dinheiro e na portaria como é agora. A pessoa poderá comprar com antecedência, com intuito de facilitar a visitação, para que assim o turista possa se planejar melhor.”
Valor do ingresso e agendamento
A possibilidade de compra on-line dos ingressos acaba com a dinâmica de agendamento no parque. Atualmente, respeitando o limite de mil visitantes por dia, 700 pessoas precisam agendar os roteiros turísticos no site, sendo as 300 vagas restantes preenchidas por ordem de chegada na portaria. O valor, aos fins de semana, é de R$ 25 e só pode ser pago em dinheiro.
Ao longo da concessão, a Parquetur tem a possibilidade de aumentar o preço do ingresso. Questionado, Pedro afirmou que, a princípio, aumentar o valor não está no radar da empresa. “O que a gente vai entender, com pesquisas ao longo da implantação do projeto, é a dinâmica do parque. Assim, poderemos fazer promoções, coisas que, em algum momento, promovam a flutuação do valor do ingresso. Mas, a princípio, subir o valor não é algo que a gente tem mapeado aqui.”
Limite de visitantes
O Parque do Ibitipoca é dividido em três roteiros: circuito das águas, circuito do Pico do Pião e circuito da Janela do Céu. Cada um deles tem um limite de público definido em um horário específico. Segundo Pedro, a princípio, esse limite continua. Um possível aumento na capacidade do parque, conforme explica, necessitaria de estudos mais aprofundados.
“De fato, tem meses e datas específicas que acontece das mil pessoas chegarem na porta do parque. Mas para mexer nesse número balizador precisamos de um estudo mais aprofundado. Hoje, o limite de mil visitantes é algo que está posto. Existem alguns gatilhos que podem ser revistos, mas hoje a gente não tem um estudo específico para fazer a mudança desse número.”
Novas instalações
Pelo contrato, a Parquetur tem dois anos para realizar as chamadas “obras mínimas”. Na lista dessas intervenções estão reformas nas estruturas já existentes, além da construção de novas, como um novo centro de visitantes, um ninho “instagramável” e a portaria norte. Pedro afirma que a ideia é que essas obras aconteçam concomitantemente à visitação, sem que o parque precise ser fechado. “Pontos importantes que temos ali é a construção do novo centro de visitantes e a reforma do restaurante, por exemplo.”
Sobre a portaria norte, que vai permitir o acesso ao parque pelos municípios de Bias Fortes e Santa Rita do Ibitipoca, Pedro afirmou que ainda não há mais informações. A demanda é antiga na região, que solicita a descentralização do turismo, atualmente concentrado no município de Lima Duarte, onde fica a única portaria do parque. “Nós já fomos lá visitar onde seria a portaria, mas ainda não está claro como ela vai ser operacionalizada. Ainda requer alguns estudos. Hoje ainda não sabemos como vai funcionar.”
Mão de obra
A Parquetur informou que um de seus pilares é a incorporação da comunidade do entorno no processo de exploração da Unidade de Conservação. Pedro Cleto afirma que a intenção é que 100% da mão de obra do parque seja de pessoas da região. “Nós pretendemos fazer uma chegada organizada. Entender quais as áreas e quais vagas que temos e fazer um processo seletivo para preenchê-las. Claro, dando prioridade para quem já está no parque, mas as vagas que não foram completadas por essas pessoas, vamos abrir para a população do entorno. Afinal, não somos nós que conhecemos o parque, são as pessoas que já estão lá.” O número de vagas a serem abertas, no entanto, não foi informado.
Segurança
A segurança precária do parque é motivo de preocupação para funcionários e visitantes. Em 2022, duas pessoas morreram ao visitar o local, um jovem afogado no Lago dos Espelhos e um guia turístico, vítima de parada cardiorrespiratória. Pedro Cleto garante que todos os funcionários da Parquetur possuem treinamentos periódicos de primeiros socorros e que será desenvolvido um sistema de gestão de segurança para o parque. “Com esse olhar de ter o sistema de segurança da Parquetur e também todos os funcionários focados em ações de primeiros socorros, as coisas tendem a melhorar e diminuir bastante as chances de acidentes.”
Preservação ambiental
Como conciliar a exploração turística com a preservação ambiental? Com 1.488 hectares e quase 50 anos, o Parque do Ibitipoca é área de estudo para pesquisadores de todo o mundo. A fauna encontrada no local inclui espécies ameaçadas de extinção, como a onça parda, o lobo guará e o primata guigó. Diversas espécies da flora são encontradas na unidade de conservação como orquídeas, bromélias, candeias, líquens e samambaias.
“O nosso principal foco é a educação ambiental”, afirma Pedro. De acordo com ele, o turismo em Unidades de Conversação é uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento dessa educação ambiental. “Ninguém protege o que não conhece. Então, ter uma visitação ordenada, bem planejada, mostra a importância de ter aquele parque estadual ali.” Ele afirma que, pensando nisso, o número de visitantes será balizado e monitorado pela Parquetur. “Uma das nossas obrigações contratuais é monitorar os impactos dessa visitação.”
Ele reforça que a Parquetur é responsável pela concessão de outras Unidades de Conservação, como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, o Parque Caminhos do Mar, em São Paulo, e o Parque Nacional do Itatiaia, no Rio de Janeiro. Além de Ibitipoca, na concessão, a empresa também será responsável por assumir o Parque Estadual do Itacolomi, em Ouro Preto.
“É um portfólio extenso de parques que nós viemos construindo.[…] O olhar da Parquetur de fazer coisas ligadas à natureza já vem de muitos anos. A gente não está inventando isso agora, pelo contrário, estamos evoluindo, buscando as melhores formas de cuidar das joias do Brasil. A gente não está chegando do nada e ganhou esse leilão. A gente sabe fazer e já vem fazendo há algum tempo muito bem.”