Prefeito afirma que novas medidas restritivas podem ser tomadas
Município não descarta controle na entrada de pessoas nos supermercados e suspensão do comércio de rua
Um dia após publicar um segundo decreto com regras mais restritivas para evitar aglomerações de pessoas em Juiz de Fora, o prefeito Antônio Almas (PSDB) foi o entrevistado do programa Pequeno Expediente da Rádio CBN Juiz de Fora nesta quinta-feira (19) e falou sobre o enfrentamento ao avanço do coronavírus na cidade. Almas garantiu que a Prefeitura está vigilante e pode adotar novas medidas caso o quadro mude, não descartando, por exemplo, o lançamento de novos decretos e do controle da entrada de pessoas em supermercados e a suspensão do funcionamento do comércio local, por exemplo. Tais situações estão sendo monitoradas pela Prefeitura, que reforça as recomendações das autoridades de saúde internacionais, nacionais e estaduais que pedem que as pessoas fiquem em casa.
“Temos que entender que esta é uma doença extremamente dinâmica. Aos gestores públicos, cabe o desafio de entender todos os aspectos desta pandemia, do ponto de vista da saúde pública e de outros, como a economia”, afirmou o prefeito, já na abertura do programa. Desta maneira, Almas falou que a monitoração é constante. Sobre a opção do Município de declarar situação de emergência em saúde pública, em decorrência da infecção humana pelo novo coronavírus (Covid-19) e não outra medida, como, por exemplo, a declaração de calamidade pública, o chefe do Executivo municipal afirmou que a decisão seguiu aspectos técnicos e foi tomada em consenso com a Procuradoria-Geral do Município.
Nesta quarta-feira, a Prefeitura proibiu o funcionamento de shopping centers e centros comerciais, mas não impôs restrições ao comércio de rua em geral. Questionado se as galerias do Centro da cidade seriam consideradas centros comerciais ou comércio de rua, o prefeito afirmou, uma vez mais, que o mais importante é que as pessoas cumpram as recomendações de evitar o contato social e as aglomerações. “Se as pessoas ficarem em casa, o comércio não vai abrir. Isto é mais importante que (saber se) as galerias são consideradas como comércio de rua ou não”, pontuou.
Os dois decretos já editados pela Prefeitura para o enfrentamento ao novo coronavírus não abordam especificamente os clubes que funcionam na cidade. Há, inclusive, a expectativa de que a suspensão das atividades destes estabelecimentos seja contemplada em um novo dispositivo, que pode ser publicado a qualquer momento. Revisões diárias dos decretos, inclusive, não estão descartadas. No caso dos clubes, o prefeito considera que há entendimento implícito de que seu funcionamento não é adequado. “Estão suspensos os funcionamentos de academia, por exemplo. Não cabe aos clubes e às pessoas acharem que estamos em um colônia de férias.”
‘Orem em casa’
Almas reforçou ainda que o decreto que suspende o funcionamento de várias atividades também atinge igrejas e outros templos religiosos. “Estes espaços resultam em aglomeração. Pedimos às lideranças religiosas que usem as redes sociais para a orientar seus fiéis a ficarem em casa. Vamos orar em casa.”
Transporte público, só em último caso
Sobre a circulação dos ônibus, o prefeito afirmou que alguns serviços essenciais precisarão manter seus funcionamentos e citou o transporte coletivo, o qual pode ser usado, inclusive, por cidadãos que precisam buscar serviços de saúde. A fala veio após questionamentos de ouvintes sobre a decisão da Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), que, desde a última quarta-feira, determinou a redução de 20% da frota de ônibus nas ruas de Juiz de Fora, com os veículos circulando com o quadro de horários tradicionalmente usado aos sábados. Para alguns, as medidas teriam deixado os veículos mais cheios. “Os ônibus devem ser usados apenas em caso de necessidade. Se as pessoas ficarem em casa, os veículos vão ficar vazios.”
Voltando à tecla da necessidade de que a população acate as recomendações das autoridades de saúde, Almas reforçou que mesmo aqueles que tiverem sintomas como espirros, tosse e febre devem ficar em casa. “Nos casos de dificuldades respiratórias, procure uma unidade de saúde e, de preferência, avise antes, para evitar o contato com outras pessoas.” A orientação, segundo o prefeito, se justifica para evitar a contaminação de outros pacientes e o adoecimento dos profissionais de saúde, o que poderia ser ainda mais prejudicial em meio à pandemia.
Linha de frente
Em caso de necessidade de maior material humano para o atendimento de saúde, o prefeito admitiu até a possibilidade de treinar cidadãos para ajudar no combate à pandemia. Nestes casos, poderiam ser priorizados para o chamamento estudantes da área de saúde em períodos mais avançados de cursos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e de faculdades particulares. Médico de formação, o prefeito lembra que está afastado de nefrologia há quatro anos, por conta das funções políticas, mas se dispõe a compor a linha de frente do atendimento, caso necessário. “Não sou intensivista e não me sinto pronto para este atendimento de imediato. Cabe a mim buscar o treinamento. Como profissional da saúde, tenho que estar disponível.”
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