Moções de repúdio a vídeo e à UFJF são retiradas de tramitação
Uma das notas foi retirada em caráter temporário e ainda pode ser votada na Câmara
As discussões relativas ao vídeo divulgado pela UFJF seguiram ecoando no plenário da Câmara pelo segundo dia consecutivo. Na noite desta terça-feira (17), as dependências da Casa foram ocupadas por manifestantes, a maioria contrária às duas moções de repúdio apresentadas pelos vereadores André Mariano (PSC) e José Fiorilo (PTC). http://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/16-10-2017/video-da-ufjf-que-toca-em-questao-de-genero-gera-repercussao-nacional.htmlNelas os parlamentares questionam a instituição federal e o vídeo em que a drag queen Femmenino visita o Colégio de Aplicação João XIII. Após articulações realizadas pela Mesa Diretora, as notas acabaram retiradas, sem a necessidade de discussão destacada das propostas, pleito requerido por Roberto Cupolillo (Betão, PT). No caso do texto apresentado por Mariano, no entanto, a suspensão é temporária, e a moção ainda pode retomar tramitação e ser apreciada em plenário.
A despeito da suspensão da tramitação das moções, o clima permaneceu acirrado entre os presentes nos momentos que antecederam a reunião ordinária da Câmara, que chegou a ser interrompida por várias vezes. Por fim, diante dos ânimos exaltados, a sessão acabou sendo cancelada antes de algumas votações previstas para o dia e a realização de tribuna livre, que seria aberta ao presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinserpu), Amarildo Romanazzi.
Após suspensões
O presidente da Casa, o vereador Rodrigo Mattos (PSDB), afirmou que o intuito é o de buscar o diálogo com a UFJF e o João XXIII antes de colocar a moção de repúdio, agora suspensa temporariamente, em votação. Em conversa com a reportagem, Rodrigo reforçou atuação adotada pela Mesa em busca de abrandar ânimos e ampliar os debates. “Considero uma moção de repúdio como última instância.” As conversas internas resultaram na decisão de Fiorilo e de Mariano de retirarem as moções de tramitação. Assim, Rodrigo tem agenda institucional com o reitor da UFJF, Marcus David, definida para a tarde desta quarta-feira. Uma reunião entre representantes da universidade e parlamentares também deve ser marcada nos próximos dias.
Manifestação contra conselheiro
Antes mesmo da abertura dos trabalhos, a maioria dos presentes pedia o afastamento do conselheiro tutelar Abraão Fernandes. Já no início da sessão, as dependências da Câmara estavam ocupadas por manifestantes. Quando da chamada dos vereadores, André Mariano, José Fiorilo e Charlles Evangelista (PP) foram vaiados pela maior parte da audiência. Por outro lado, Roberto Cupolillo (Betão, PT) foi aplaudido. Durante a leitura dos requerimentos, Abraão apareceu na audiência do Palácio Barbosa Lima e foi recebido com vaias e acusado de racista pela maioria dos presentes.
Com a presença do conselheiro na plateia, os ânimos se exaltaram entre uma maioria que defendia conceitos de diversidades e um grupo menor contrário ao vídeo da UFJF. Os bate-bocas, inclusive, chegaram ao plenário, e a Mesa Diretora suspendeu a sessão pela primeira vez. Presidente da Câmara, Rodrigo Mattos (PSDB) chegou a pedir respeito às falas dos parlamentares. O tucano adiantou ainda que haveria informações importantes relacionadas aos pleitos dos manifestantes, já que, até aquele momento, apenas a retirada da moção apresentada por Fiorilo havia sido informada.
Na abertura da palavra aos vereadores, André Mariano foi o primeiro a falar. “A atividade promovida (no Colégio João XXIII) trouxe indignação aos pais de algumas famílias”, afirmou o parlamentar, antes de ser interrompido por vaias. Após reforçar que não concorda com o vídeo, o parlamentar do PSC revelou que iria acatar movimentação dos vereadores que defenderam a ampliação do debate antes de colocar o repúdio em votação. “Em respeito aos vereadores, retiro a moção temporariamente e aguardo que seja feita uma discussão com pais e professores.”
Provocações constantes
As retiradas das moções, em caráter definitivo ou temporário, não arrefeceram os ânimos e as provocações entre partes que defendem opiniões distintas se perpetuaram no plenário. Em um momento de maior embate, o grupo em que se encontrava o conselheiro tutelar Abraão Fernandes gritou o nome do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), no que foi prontamente rechaçado pela maioria aos gritos de “fascista”. O clima beligerante levou a sessão a ser interrompida novamente.