Secretário de Estado de Saúde diz que obra do Hospital Regional será discutida após pandemia

Em entrevista à CBN Juiz de Fora, titular da pasta também citou obra inacabada de Hospital Universitário da UFJF e falou sobre a adesão do município ao “Minas Consciente”, que prevê a reabertura gradativa da atividade econômica


Por Gabriel Silva, estagiário sob supervisão do editor Eduardo Valente

06/05/2020 às 10h54- Atualizada 06/05/2020 às 10h57

A retomada das obras para construção do Hospital Regional de Juiz de Fora voltará em pauta no Governo de Minas Gerais após o período crítico de combate ao novo coronavírus. A informação foi revelada pelo titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), Carlos Eduardo Amaral, em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora. Segundo ele afirmou, se faz necessário estudar o objetivo e a forma de custeio da unidade de saúde.

Em coletiva no último dia 29, o governador Romeu Zema anunciou investimento de R$ 645 milhões para o combate ao coronavírus no estado. Da quantia, cerca de R$ 580 milhões são advindos de acordo do Governo de Minas com as empresas mineradoras Vale e Samarco, em reparação pelas tragédias ocorridas nas cidades mineiras de Mariana, em 2016, e Brumadinho, em 2019, respectivamente. Parte do investimento estadual será destinado à construção de um hospital regional em Governador Valadares, além de conclusão de unidades em outras quatro cidades de Minas. Juiz de Fora, no entanto, ficou fora da lista de cidades beneficiadas.

Conforme explicação do secretário Carlos Eduardo Amaral, antes da retomada das obras em Juiz de Fora ainda é necessário um estudo junto às cidades da região para projetar o papel das unidades dentro do sistema de saúde. “Nós intencionamos capitanear um grupo de estudo com cidades da região para que nós possamos avaliar a melhor forma de concluir esses hospitais” disse, citando, além do Hospital Regional, as obras do HU da UFJF. “Temos que saber quais serão os objetivos dos hospitais dentro do sistema de saúde”, explica o titular. 

Segundo o secretário, o assunto será colocado em discussão após o avanço do combate ao novo coronavírus. Em visita à Juiz de Fora em junho de 2019, entretanto, o Governo de Minas, através do secretário de estado de Transporte e Obras Públicas, Marco Aurélio de Barcelos, havia feito promessa parecida, quando garantiu que as diretrizes do Hospital Regional seriam apresentadas até o fim daquele ano

HU da UFJF

As obras do HU são ainda mais antigas: iniciadas em agosto de 2012, estiveram paralisadas por cerca de 48 meses, entre 2015 e 2019, e foi tratada pelo reitor da UFJF, Marcos Vinicius David, como meta estratégica, durante campanha para recondução ao reitorado da Universidade por mais quatro anos. O imbróglio envolvendo a ampliação da unidade hospitalar universitária envolve, também, denúncias de crimes supostamente cometidos por servidores da UFJF investigados pelo Ministério Público Federal (MPF).

Adesão de JF ao Minas Consciente

O secretário Carlos Eduardo Amaral também explicou o Programa Minas Consciente, o qual deverá ser adotado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) para a retomada gradual das atividades econômicas da cidade durante o combate à Covid-19. Conforme esclarecido pelo titular da SES, ao aderir ao programa, o município passa a ser acompanhado regularmente pela pasta estadual tendo em vista diretrizes próprias do projeto, que envolvem análises da capacidade assistencial do sistema de saúde público e o impacto econômico das diversas atividades paralisadas, entre outros fatores. A abordagem do Estado em cada região é particularizada, de forma a atender aos interesses e necessidades exclusivos de cada município, conforme Amaral. “Cada região do estado é tratada de forma particular e nós vemos, nessa matriz, qual é a incidência de casos em cada região, comparando essa incidência com a capacidade assistencial”, explica.

Ao longo das últimas semanas, a PJF vem sendo pressionada por entidades patronais interessadas em um plano de retomada das atividades. O abalo econômico se dá em função da paralisação de atividades não essenciais que já dura mais de um mês, o qual foi considerado necessário pela administração municipal para conter a proliferação do novo coronavírus. Conforme os dados da Prefeitura atualizados na terça-feira (5), Juiz de Fora tem 13 mortes confirmadas para a Covid-19, além de 239 casos e 2.563 pacientes com suspeita de infecção.

Pacientes advindos do Rio de Janeiro

Questionado sobre a entrada de pacientes fluminenses em Juiz de Fora em busca de assistência médica, o titular da SES teve o mesmo tom adotado nas coletivas diárias da secretaria estadual. Na avaliação da pasta, até o momento o número de pessoas vindas do estado do Rio de Janeiro para a região ainda é pequeno e, apesar da manutenção de conversas frequentes com as instâncias municipais, estaduais e federais de saúde, ainda não há o interesse pelo impedimento da entrada dos pacientes. “É importante nós ressaltarmos que o SUS (Sistema Único de Saúde) é único em todo o país, e não podemos pôr barreiras para o SUS. Podemos colocar barreiras para pessoas dentro do município, mas, para internação de pessoas que precisam de atendimento médico, não seria razoável”, analisa Amaral.

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