Ataque ao Governo marca visita de AĆ©cio
Pouco mais de um ano apĆ³s visitar Juiz de Fora como candidato Ć PresidĆŖncia da RepĆŗblica, o senador AĆ©cio Neves (PSDB) retornou Ć cidade naĀ manhĆ£ desta sexta (4). Com um discurso similar ao de campanha, o tucano voltou a defender mudanƧa nos rumos do Governo federal. Presidente nacional da legenda, o senador participou de um encontro regional do PSDB, no Hotel Ritz, que reuniu representantes de cerca de 70 municĆpios da Zona da Mata. Diante de um cenĆ”rio nacional conturbado, com uma possĆvel abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em debate no Congresso, a temĆ”tica local ficou relegada a segundo plano, e AĆ©cio nĆ£o poupou crĆticas Ć gestĆ£o petista. “A equaĆ§Ć£o na qual o PT nos mergulhou Ć© mais perversa da nossa histĆ³ria contemporĆ¢nea.”
O senador falou sobre o acolhimento de pedido de impeachment pelo presidente da CĆ¢mara dos Deputados, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), na Ćŗltima quarta-feira. “O que devemos fazer agora Ć© superar esse Fla-Flu entre presidente da RepĆŗblica e presidente da CĆ¢mara e discutir de forma clara. A presidente cometeu crime de responsabilidade? Se cometeu, tem que responder por isso”, afirmou, em entrevista coletiva. AĆ©cio pontuou ainda que o paĆs enfrenta problemas como juros ‘estratosfĆ©ricos’, alto Ćndice de desemprego entre os jovens, um grande contingente de pessoas endividadas e elevadas taxas de inadimplĆŖncia e inflaĆ§Ć£o. “O meu sentimento pessoal, como presidente nacional do PSDB, Ć© que o Governo do PT acabou. Esse Ć© o lado bom da histĆ³ria.”
Indagado sobre seu posicionamento sobre o recesso parlamentar no Congresso, que pode retardar os trĆ¢mites do pedido de impeachment da presidente, AĆ©cio nĆ£o foi taxativo e disse que a postura tucana deve ser definida na prĆ³xima semana. Inicialmente, a pausa nas atividades estĆ” prevista para ter inĆcio no dia 22 de dezembro, se estendendo atĆ© fevereiro. Na Ćŗltima quinta-feira, um dos principais articuladores do Governo, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou que o recesso nĆ£o seria razoĆ”vel no atual cenĆ”rio. O intuito seria o de evitar possĆveis mobilizaƧƵes anti-Governo nas ruas.
“Nosso sentimento inicial era de que isso pudesse ocorrer o mais rĆ”pido possĆvel. Mas estamos percebendo que hĆ” um atropelo enorme do Governo e uma movimentaĆ§Ć£o muito grande para que nĆ£o haja manifestaƧƵes. Nossa decisĆ£o serĆ” tomada conjuntamente com os partidos de oposiĆ§Ć£o. O que existe atĆ© agora sĆ£o ponderaƧƵes de movimentos sociais, com os quais nĆ³s temos contato e que gostariam de ter um tempo maior para que a populaĆ§Ć£o pudesse, de alguma forma, acompanhar mais de perto os desdobramentos desse processo”, ponderou o tucano.
Clima de campanha entre os apoiadores
Findada a coletiva, a despeito das declaraƧƵes recentes de AĆ©cio de que a presidente tem direito a defesa, a sensaĆ§Ć£o nas dependĆŖncias do hotel era de campanha presidencial. Por vezes, a militĆ¢ncia jovem do partido clamou “AĆ©cio Neves presidente do Brasil”. O discurso foi similar em vĆ”rias falas das demais lideranƧas tucanas presentes no evento. Presidente estadual da legenda, o deputado federal Domingos SĆ”vio (PSDB) defendeu em discurso direcionado aos correligionĆ”rios que o paĆs precisa trilhar um novo caminho. “O caminho tem nome, Ć© AĆ©cio presidente.”
Ex-prefeito de Juiz Fora, CustĆ³dio Mattos (PSDB) tambĆ©m direcionou crĆticas Ć gestĆ£o petista. “O povo quer mudanƧa, mas estamos frente a um Governo que nĆ£o tem capacidade ou legitimidade para comandar essa mudanƧa.” Outro que nĆ£o poupou o PT e o Governo foi o deputado federal juiz-forano, Marcus Pestana (PSDB), que voltou a dizer que Dilma cometeu “estelionato eleitoral”.