Charlles Evangelista reforça intenção de seguir no PSL
Deputado juiz-forano disputou vice-presidência com presidente nacional do partido, o que gerou desconforto interno na legenda do presidente Jair Bolsonaro
Deputado federal de primeiro mandato, o juiz-forano Charlles Evangelista (PSL-MG) viveu momentos agitados em seus primeiros dias no Congresso Nacional. Empossado na última sexta-feira (1º), o parlamentar se lançou candidato a 2º vice-presidência da Câmara dos Deputados durante o processo que reconduziu o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao comando da Mesa Diretora. Com os acordos que resultaram na formação de um bloco que apoiou o nome de Maia como presidente da Câmara, já havia entendimento de que uma das vice-presidências seria do PSL, e Charlles acabou disputando a cadeira com o presidente da legenda, Luciano Bivar (PSL-PE).
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Em pleito apertado, o mineiro, que competiu como candidato avulso e obteve 184 votos, acabou vencido pelo pernambucano que somou 198 votos. O embate, no entanto, causou mal-estar no PSL, e a imprensa nacional chegou a noticiar, inclusive, que Charlles poderia ser convidado a se retirar da sigla do presidente Jair Bolsonaro (PSL). À Tribuna, o deputado local reafirmou a intenção de seguir no partido.
Charlles argumentou ainda que não há qualquer razão ou legalidade para que ele seja convidado a se retirar do PSL. Para ele, o possível mal-estar pode ter sido ocasionado por uma “falha de comunicação”. “Sabia que a composição do bloco formado na Câmara daria direito ao cargo ao PSL. Temos um grupo no Whatsapp com deputados do partido em que, por duas vezes, manifestei a vontade de sair candidato à 2º vice-presidência.
Então, manifestei minha intenção neste grupo e não fui questionado por ninguém. Assim, comecei a fazer minha campanha com as bancadas e não fui questionado em momento algum”, explicou Charlles. O juiz-forano reforçou que a intenção de se candidatar a uma vaga na Mesa Diretora foi comunicada aos pares que integram à bancada do PSL e que iniciou sua campanha pela cadeira antes mesmo de o nome de Luciano Bivar ter sido colocado como opção.
“Na quinta-feira, um dia antes da eleição, fiquei sabendo que o presidente Bivar seria candidato por decisão do partido. Na verdade, por decisão dele, pois não houve nenhuma reunião para deliberar quem seria o candidato. Mas eu já havia começado as movimentações e as conversas com os demais candidatos e não teria como voltar atrás. Isto foi explicado na sexta-feira pela manhã ao partido, que eu já estava em campanha e tinha apoio de alguns parlamentares, em especial aqueles de primeiro mandato. Fui pego de surpresa e fui pressionado a retirar a candidatura, mas optei por não retirar pois já havia dado a palavra a outros parlamentares que seria candidato”, afirmou Charlles.
O deputado disse ainda que acredita em um desfecho positivo e que seguirá no PSL, todavia, no momento ele aguarda uma possível decisão do diretório nacional da sigla. A reportagem também tentou contato com assessoria da legenda, mas não obteve um retorno até a edição deste texto.
A despeito da polêmica interna, Charlles classificou como positiva sua participação na eleição para a 2ª vice-presidência da Câmara dos Deputados. “A articulação foi basicamente com a bancada dos candidatos de primeiro mandato e com a bancada mineira. A cara deste voto foi o da resposta dada pelas urnas nas eleições de outubro, quando a população mostrou o desejo por mudanças”, afirmou, explicando a origem da maioria de seus 184 votos.
Ao final da sessão que elegeu a Mesa Diretora da Câmara, na última sexta-feira, o deputado juiz-forano postou um vídeo em suas redes sociais parabenizando Luciano Bivar pela vitória e minimizou possível racha no PSL. “Agora estaremos juntos aqui no PSL, colocando a governabilidade do Bolsonaro”, pontuou o parlamentar.