Governo de Minas garante isolamento ao menos até 13 de abril

Documento garante manutenção de medidas de restrição ao convívio social


Por Gabriel Ferreira Borges

01/04/2020 às 19h36- Atualizada 01/04/2020 às 21h15

O secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, garantiu ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a manutenção das recomendações de isolamento social em razão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) ao menos até 13 de abril. O posicionamento do titular da Saúde foi repassado, nesta terça-feira (31), em reunião por videoconferência, ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa da Saúde (CAO Saúde). A resposta foi levada pelo procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet. Em ofício encaminhado a Amaral, no último domingo (29), os coordenadores regionais de Defesa da Saúde o questionaram sobre sinalizações dadas pelo governador Romeu Zema (Novo) ao encontro de flexibilizar as medidas de isolamento social adotadas pelo Estado.

carlos eduardo amaral secretario saude minas by secretaria de saude
Amaral informou que o cenário epidemiológico será novamente analisado pelo gabinete de crise ao fim do prazo (Foto: Secretaria de Saúde)

O documento assinado pelo secretário levado aos promotores de Defesa da Saúde garante a recomendação do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública Covid-19 de Minas em manter as medidas de restrição ao convívio social até meados de abril. Entretanto, como ponderado por Amaral, o cenário epidemiológico será novamente analisado pelo gabinete de crise ao fim do prazo. Nesta quarta, a Secretaria de Estado de Saúde já soma três mortes por Covid-19. Em entrevistas coletivas diárias à imprensa, o secretário tem endossado a postura de Zema ao reafirmar que o Governo apenas conduz frequentemente estudos de impacto da atividade econômica do Estado para, “quando chegar o momento, sabermos o que fazer”.

De acordo com o coordenador do CAO Saúde, promotor Luciano Moreira, apesar da garantia de manutenção das medidas de isolamento social, o MPMG seguirá acompanhando as decisões do Governo estadual. “O Ministério Público foi informado que, segundo os estudos realizados, o número de casos que podem ocorrer sem medidas de restrição do convívio social ou com sua flexibilização, pode implicar em esgotar a capacidade do sistema de saúde, e, portanto, não termos resposta às necessidades da população. Então, a área técnica recomenda ao Governo que as medidas de restrição sejam mantidas pelo menos até o dia 13 de abril, quando, então, serão reavaliadas. Diante dessa informação, o Ministério Público vai seguir acompanhando as medidas tomadas pelo Governo dentro dos foros dos quais já participa, como o Comitê Extraordinário (…).”

No ofício assinado por nove coordenadores regionais das Promotorias de Defesa da Saúde no domingo – dentre eles Rodrigo de Barros Ferreira, coordenador da Região Macro Sudeste de Minas -, havia questionamentos de informações a respeito da “flexibilização das regras de convívio social apontando a estimativa de número de casos, mortes e quantitativo de leitos de UTI a serem utilizados em comparação com a manutenção das regras atuais” e, ainda, “normas, medidas de orientação e de fiscalização sanitária para as atividades econômicas e outras que venham a ter seu funcionamento autorizado”. Além de manifestações de Zema sobre a possibilidade de flexibilização, a postura do presidente Jair Bolsonaro e as manifestações populares favoráveis à reabertura gradual do comércio e ao isolamento vertical preocupavam o MPMG.

‘A decisão final é dos prefeitos’, diz Zema

Ainda na última segunda, Zema, em pronunciamento via redes sociais, reforçou que o Governo está apenas estudando medidas de flexibilização, descartando a adoção de medidas precipitadas e a submissão a interesses econômicos para a reabertura do comércio “muito antes da hora”. “Até o momento, não houve nenhuma flexibilização. (…) Vamos estar acompanhando o número de casos hora a hora e caso a curva demonstre que há possibilidade de reabertura, nós estaremos considerando. E vamos também analisar o caso de cada situação do Estado. Sabemos que muitos dos casos estão concentrados na Região Metropolitana e que muitas cidades pequenas, com uma realidade totalmente distinta, não tem caso algum. E lembro ainda que, como governador do Estado, tenho como orientar todos os prefeitos sobre o que fazer, mas a decisão final sobre o que pode ou não abrir é do prefeito. É a Prefeitura que pode dar ou cassar alvarás. Mas a nossa orientação no momento é que mantenhamos as restrições.”

Em portaria publicada nesta terça (31), o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais demonstrou alinhamento ao MPMG. O colegiado orienta aos gestores de saúde mineiros a “observarem, tecnicamente, as determinações emanadas pelo Comitê Extraordinário Covid-19 no enfrentamento da pandemia do coronavírus”. Além disso, quanto as aspectos normativos, “recomenda (…) a observarem os termos expedidos pelo MPMG, através de suas especializadas, para a boa, segura e eficaz aplicação da Lei na condução jurídica dos temas relativos à Covid-19”.

Exceções
Entretanto, conforme Zema, é necessário prestar apoio a setores como o transporte de cargas e a agropecuária. “Quero lembrar que precisamos, sim. dar apoio a quem transporta, o caminhoneiro. Tenho pedido aos restaurantes, aos postos de gasolinas situados em estradas, que permaneçam abertos, e às oficinas mecânicas e ao comércio que vendam para os caminhoneiros, que permaneçam abertos. Se o transporte de cargas parar, vai parar o transporte de alimentos. E outro setor a que peço que permaneça aberto é aquele que dá suporte à agricultura e à pecuária. Se um produtor rural não tiver como jogar adubo, como vacinar o seu gado, com certeza vai enfrentar muitas dificuldades.”

Tópicos: coronavírus

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