Metanol: Minas registra primeira morte com suspeita de intoxicação

Vítima é de Ipatinga; outro caso também é investigado na mesma cidade


Por Bernardo Marchiori

11/10/2025 às 16h37- Atualizada 11/10/2025 às 17h10

Em nova atualização do Ministério da Saúde, divulgada na noite desta sexta-feira (10), Minas aparece com a primeira morte com suspeita de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. O registro é de Ipatinga, município a cerca de 370 quilômetros de Juiz de Fora.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs-Minas), informou que a morte investigada é de um homem de 26 anos. De acordo com a pasta, as amostras estão em análise no Instituto Médico Legal (IML).

A SES-MG afirma que o paciente foi atendido em uma Unidade de Pronto Atendimento na última quarta (8), apresentando quadro clínico de rápida evolução, com óbito ocorrido na madrugada de quinta (9).

Além do óbito, o estado também possui uma outra notificação de caso em investigação para intoxicação pela substância, também em Ipatinga. Outros dois possíveis registros, em Belo Horizonte (mulher de 48 anos) e Poços de Caldas (homem de 25 anos), foram descartados pela pasta.

Até o momento, 246 notificações foram realizadas em todo o país, sendo 29 casos confirmados e 217 em investigação. Outras 249 suspeitas foram descartadas. São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são os estados com casos confirmados por esse tipo de intoxicação – com 25, três e um, respectivamente.

Em relação às notificações, São Paulo também lidera com 160 em investigação, número que representa 73,73% do total. Em seguida, aparecem Pernambuco com 31 suspeitas, Rio Grande do Sul (4), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (4), Rio de Janeiro (3), Espírito Santo (3), Goiás (2), Alagoas (1), Bahia (1), Ceará (1), Minas Gerais (1), Rio Grande do Norte (1) e Rondônia (1).

Em relação aos óbitos, cinco foram confirmados no estado de São Paulo e 12 seguem em investigação, sendo 1 no Ceará, um no Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco e seis em São Paulo, além do de Minas Gerais.

Sintomas de intoxicação por metanol: semelhantes aos da ressaca

De acordo com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), os sintomas iniciais da intoxicação por metanol se assemelham aos de uma ressaca. O quadro começa com sensação de euforia e embriaguez, seguida de um período assintomático que pode durar entre 12 e 24 horas – e, em alguns casos, chegar a 90 horas.

Após esse intervalo, surgem sinais como dor de cabeça, enjoo, falta de apetite, vômitos e dor abdominal. Com a progressão do quadro, podem ocorrer tontura, confusão mental, perda de coordenação motora, convulsões e até coma. Em situações mais graves, há risco de hemorragias cerebrais.

A Amib destaca que os problemas de visão são comuns, incluindo sensibilidade à luz, visão borrada ou dupla, perda da percepção de cores e, em casos extremos, cegueira. O ácido fórmico – substância tóxica formada no organismo a partir do metanol – provoca alterações metabólicas severas e leva à acidose, caracterizada pelo aumento da acidez no sangue e na urina. Sem tratamento imediato, a intoxicação pode evoluir para falência de órgãos, insuficiência respiratória e morte.

Quando procurar ajuda médica

Em nota, a SES-MG orientou que pessoas com sintomas suspeitos procurem atendimento médico imediatamente. Todos os casos devem ser comunicados ao CIATox/MG, que fornece orientações clínicas e notifica o Cievs-Minas.

A Secretaria também alerta sobre o risco de consumir bebidas de origem duvidosa. Caso algum sintoma apareça, especialmente entre 6 e 72 horas após o consumo de bebidas destiladas, é fundamental buscar ajuda médica imediata.

Segundo a Amib, o principal sinal laboratorial da intoxicação é a acidose metabólica grave. Exames de imagem, como tomografia ou ressonância magnética, podem identificar lesões cerebrais, e a avaliação oftalmológica ajuda a detectar danos à visão.

O tratamento é considerado urgente e envolve corrigir a acidose com bicarbonato de sódio, bloquear a ação do metanol com etanol (utilizado no lugar do fomepizol, indisponível no Brasil) e, em casos graves, realizar hemodiálise para remover o metanol e o ácido fórmico do organismo. Também pode ser administrado ácido fólico, que auxilia na eliminação das substâncias tóxicas.

O metanol, ou álcool metílico, é um líquido incolor, sem cheiro e de gosto amargo, usado como combustível, solvente e na fabricação de cosméticos e produtos de limpeza. No corpo, ele é rapidamente absorvido e transformado no fígado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias altamente tóxicas. Mesmo pequenas quantidades podem ser fatais.

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