Atleticanos e botafoguenses de Juiz de Fora estão na Argentina para final da Libertadores
Tribuna entrevistou quatro torcedores que estão em Buenos Aires para acompanhar a decisão no próximo sábado
Neste sábado (30), Atlético-MG e Botafogo se enfrentam, às 17h, no Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, pela final da Copa Libertadores. O Galo busca o bicampeonato da competição, enquanto o Glorioso tenta o título inédito. Para acompanhar a decisão pela Glória Eterna, torcedores de Juiz de Fora das duas equipes já estão na capital argentina. A Tribuna conversou com os atleticanos Pedro Lawall e Hugo Mendes e com os botafoguenses Antônio Alvim e João Victor Garcia, que descreveram a emoção de acompanhar a decisão do principal campeonato sul-americano in loco.
‘Um vício que não tem tratamento’
Atleticano fanático, Pedro entende que o Galo não é só uma simples paixão em sua vida, mas um estilo de vida e uma ideologia. “É um amor que foi passado de geração a geração e que me acompanha desde o nascimento. É responsável pelas maiores alegrias e tristezas ao longo da minha vida”, descreve.
Após o Atlético-MG eliminar o River Plate-ARG nas semifinais da Libertadores, no dia 29 de outubro, Pedro começou o planejamento para ir a Buenos Aires e assistir à final no estádio. “Não poderia desperdiçar a oportunidade de acompanhar o time na final da Libertadores. Estudei durante dez dias todas as opções até encontrar a alternativa mais viável. Passei quase dois dias viajando para chegar até aqui. Fui para São Paulo, Santiago e, enfim, Buenos Aires. Na volta, Foz do Iguaçu, Cascavel, Rio de Janeiro e, enfim, Juiz de Fora. Loucura total, mas pelo Galo, somos capazes de fazer tudo”, explica.
Pedro tem, em sua memória, as lembranças da primeira conquista do Atlético na Libertadores, em 2013. Para ele, estar presente na segunda final da história do clube é indescritível, mas prega cautela. “O favoritismo é todo do Botafogo. Tem um time melhor, joga um melhor futebol, embora na Libertadores, o Galo tenha a melhor campanha. Mas vamos lutar contra tudo e contra todos. Eu, por mais pessimista que seja, escolhi acreditar, ter fé. Nosso elenco é limitado, mas temos um time forte e estou confiando no goleiro Everson e na dupla Hulk e Paulinho para sairmos com a taça”, analisa o atleticano.
Amor de pai para filho
Quem também estará presente em Buenos Aires é Hugo Mendes. O atleticano entende que o amor que sente pelo Galo é uma herança herdada de seu pai, já falecido. “Os jogos do Galo me fazem sentir que estou com ele”, afirma.
Ele recorda que 2021 foi um ano histórico para o Atlético-MG. O clube conquistou o Campeonato Brasileiro após 50 anos e a Copa do Brasil. Também esteve muito próximo de ir à final da Libertadores, mas foi eliminado pelo Palmeiras na semifinal por conta do critério de gol qualificado como visitante, em que, em caso de empate no placar agregado, avança quem marcou mais vezes fora de casa. “Quando saímos para o Palmeiras, eu e meu irmão tomamos a decisão de ir na primeira final do Galo em jogo único”, relembra. “Quando foi confirmada [a presença do Atlético-MG na final], após o jogo do River Plate, já compramos passagem e ingresso.”
Hugo afirma estar com a expectativa muito alta, e espera ver no gramado do Monumental de Nuñez um grande jogo de futebol. “Não é algo rotineiro para nenhum clube e representa bastante para qualquer torcedor. Ser um dos milhares que estarão apoiando no estádio, em nome de milhões, é emocionante”, descreve o torcedor.
‘O Botafogo é meu melhor amigo’
Antônio Alvim é um dos botafoguenses fanáticos que foram a Buenos Aires acompanhar o clube na sua primeira final de Libertadores na história. Segundo o torcedor, o seu sentimento com relação ao time pode ser explicado por meio dos versos iniciais de uma música ecoada pela torcida alvinegra: “O Botafogo é meu melhor amigo. A minha sina, meu primeiro amor.”
“Eu faço questão de carregá-lo em todos os momentos da minha vida. Em momentos ruins, momentos bons, eu estou sempre usando uma camisa do Botafogo. Eu fico muito feliz de falar que eu sou Botafogo, eu amo o Botafogo. O último trecho “meu primeiro amor” é, exatamente, como eu me sinto. O Botafogo talvez seja a primeira paixão de verdade que eu tenho na minha vida, que eu cultivei”, afirma Antônio.
Desde o começo da participação do Botafogo na competição, ainda na fase pré-Libertadores, Antônio sonhava com a possibilidade de o clube chegar à final e ele estar presente. Com o avançar da competição, o sonho foi amadurecendo e a decisão de ir a Buenos Aires se deu após o jogo de ida da semifinal, em que o Glorioso goleou o Peñarol-URU. “Aquele 5 a 0, eu e meu pai no estádio lotado, semifinal da Libertadores, um show de futebol do seu time, não tem como. A gente chegou em Juiz de Fora no dia seguinte, entramos na internet e compramos. Aí não tem o que argumentar”, afirma Alvim.
Antônio afirma que o Atlético-MG é uma equipe muito qualificada e com grandes jogadores, mas está otimista com um desfecho positivo para o Botafogo na decisão da Libertadores. Para Alvim, o título continental é a realização de um sonho. “Estar aqui com o Botafogo é, literalmente, um sonho da minha vida. Dentro de tudo que eu já vivi e conquistei, passar na faculdade, as mini conquistas diárias, projetos que dão certo, processos seletivos que a gente é aprovado, dentro de tudo isso eu senti que ainda falta uma coisa na minha vida, que é ver o Botafogo campeão de um título grande. Então, estar aqui é um sonho que eu carrego há anos”, relata.
‘O Botafogo é tudo na minha vida’
João Victor Garcia embarcou, rumo a Buenos Aires, na segunda-feira (25). Apaixonado pelo Botafogo desde criança, o torcedor acompanha todos os jogos do Glorioso, seja do estádio, pela televisão ou pelo rádio. “O Botafogo é a prioridade número um na minha vida, depois da minha família, e ele move tudo. Se perde, a semana fica horrível. Se ganha, nada vai me atrapalhar durante a semana. O Botafogo é tudo na minha vida”, relata.
João Victor começou a pensar na possibilidade de ir à final quando o Botafogo eliminou o Palmeiras nas oitavas de final da Libertadores. Inicialmente, iria de ônibus, mas como seu pai e seu irmão decidiram acompanhá-lo, a escolha foi pela viagem de avião. Para Garcia, o sentimento é inexplicável.
“Você está numa final de Libertadores, em outro país… Não tem como descrever isso não. É uma sensação única, que eu acho que todo torcedor deveria ter oportunidade. Muita gente não tem condição, mas deveria ter a oportunidade de poder acompanhar o seu time na final da Libertadores”, analisa João Victor.
Ele prega cautela, mas entende que a vitória sobre o Palmeiras na terça-feira (26), que aproximou o Glorioso do título brasileiro, servirá de combustível para o time. “O Botafogo tinha vindo de alguns jogos que não estavam na programação, mas acho que recuperou a confiança contra o Palmeiras. Foi um grande jogo, e acho que chega muito bem pra final. O time está preparado e vamos aguardar, futebol, ainda mais um jogo só, tudo pode acontecer, porém a confiança é muito alta”, garante.
*estagiário sob supervisão da editora Gracielle Nocelli
Tópicos: atlético-mg / Botafogo / Libertadores