Do Bom Pastor para a liga universitária de futebol dos EUA
Julio Rangel reforçou o meio-campo do Iowa Lakes nos últimos dois anos e agora vai defender o Mississippi College no NJCAA Soccer
“O futebol universitário não tem nada a ver com a Seleção Norte-americana. O nível não é ruim. O problema é que não tem norte-americano jogando. Americano é nascido e criado jogando beisebol, futebol americano e basquete”, relata. O vínculo entre Julio e Iowa Lakes encerrou-se após dois anos; entretanto, o jogador continuará nos Estados Unidos, embora em outro estado. Após receber o convite de cinco universidades, o jogador escolheu o Mississippi College, na cidade de Clinton, para concluir a graduação em Administração. Defenderá, então, a partir de janeiro, nos próximos dois anos, a equipe masculina da instituição no mesmo NJCAA Soccer. “Quando acabar, terei a oportunidade de ficar lá, seja para fazer o mestrado, seja para tentar [ingressar em] um time profissional”, planeja Julio. Filho do coronel do Exército Marcus Rangel, o jovem é natural de Amambai, Sudoeste do Mato Grosso do Sul. “Tenho um filho mineiro, um filho carioca e um filho sulmatogrossense. Júlio nasceu em uma cidade perto da fronteira com o Paraguai. Quando viemos para cá, em 2005, ele tinha entre oito e nove anos”, conta o pai.
Cria do clube
Julio disputou as primeiras partidas de futebol de campo no Colégio Academia de Comércio. Passou também por Tupi e Sport – disputou apenas um campeonato pelo último – antes de encontrar o professor Sérgio Moraes, no Clube Bom Pastor. “Reencontrei a vontade de jogar aqui no Bom Pastor; a motivação de jogar um Campeonato Mineiro, de vir treinar para disputar campeonatos. Depois que saí do Sport não tinha o que fazer. Jogava campo e vim jogar futsal no Bom Pastor”, explica Julio. Em parceria com o Clube Bom Pastor, Moraes dá aulas tanto de futebol quanto de futsal; quando mais novo, aventurou-se como profissional, inclusive. Foi revelado pelo Vasco da Gama. “Tempos atrás eu tinha mais oportunidades de levar jogadores para clubes. Depois que a Lei Pelé (Lei 9.615/1998) foi sancionada, restringiu o nosso espaço para colocar os garotos dentro do clube”, diz Moraes.

“Quanto mais novo o garoto entra no clube, mais chances ele tem de vingar, porque ele passa a ser um garoto prata da casa, trabalhado dentro do clube. Com a Lei Pelé, você não pode colocar meninos menores de 14 anos morando em concentração. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não permite”, explica Moraes. Em razão de sua formação no Vasco, Moraes tinha relação estreita com o clube de São Januário; os juiz-foranos Raphael Botti, 37, e Bernardo Frizoni, 28, foram por ele levados para as categorias de base do Cruzmaltino. Vascaíno, Julio não seguiu o mesmo caminho. “Eu não tive a oportunidade de colocá-lo em um clube e, em Juiz de Fora, o Júlio estaria perdido”, afirma o treinador. Ao fim da graduação, o jogador tentará a sorte nas ligas profissionais norte-americanas. “Os treinadores colegiais conhecem as comissões técnicas de times profissionais e podem nos mandar para os clubes para passar dois, três meses treinando, em busca de permanecer. Não tem validade nenhuma eu voltar ao Brasil e falar que joguei futebol universitário nos Estados Unidos. Eles não se interessam.”