Ninguém barra Denise
A Tribuna de Minas inicia hoje uma série de reportagens com mulheres que vêm se destacando no esporte na cidade, no Brasil e até no exterior em diversas modalidades. Carreira, temporada e projeções – na maioria das vezes ambiciosas – serão realçadas durante entrevistas de desportistas que atropelam as dificuldades de apoio com força de vontade e disciplina nos treinamentos. Este é o caso da nadadora master Denise Barra, que estreia a série de matérias. Olha ela!
Acredite. Foi mais fácil lembrar as provas em que a nadadora master Denise Barra não ganhou medalhas do que contar cada ida ao pódio da atleta do Clube Bom Pastor (CBP) em 2016. Em rápido relato, a juiz-forana de 57 anos elencou à Tribuna – sem perder o fôlego – mais de 50 medalhas obtidas apenas nessa temporada. Nadando sempre na categoria 55+, entre 55 e 59 anos, a colecionadora de pódios tanto no mar quanto nas piscinas é campeã brasileira de 200m borboleta, por exemplo, além de Rainha do Mar nas travessias de mil metros e 3.000 metros, terceira colocada em travessia de Sul-Americano no Uruguai e recordista mineira da categoria em provas como os 50m livre, 50m peito, 100m livre, 200m medley e 50m borboleta.
Os resultados geraram o recebimento do Mérito Esportivo Panathlon 2016 de natação master, concedido aos destaques da cidade e região no esporte em toda a temporada. “Me sinto orgulhosa pelas conquistas e pela homenagem do Panathlon”, destacou Denise, que possui como objetivo anual a evolução dos tempos, uma realidade após mudança pontual. “Tenho uma nutricionista, porque o que me fez dar esse pulo foi a alimentação, já que comia muito chocolate, bebia refrigerante no almoço. Tinha um técnico espetacular (Luiz Carlos de Nery) que dava treinos fortes e eu não aguentava, então ele disse que se eu não melhorasse minha alimentação não faria parte da equipe mais. E, como não queria sair, consegui 8kg de massa muscular e melhorei absurdamente”, contou.
Sobre sobre sua rotina, a aposentada multicampeã revela seus hábitos alimentares, que começam às 5h, quando costuma levantar para realizar seu treino na piscina do CBP. “Como uma fruta e um pedaço de pão com pasta de amendoim quando acordo. Durante o treino tenho que beber bastante água, o que também faz muita diferença. Acabo a natação e então vou tomar meu café da manhã de verdade, com um sanduíche com três fatias de pão integral com ricota, por exemplo, e um copo de suco natural. Meu almoço é à base de arroz, feijão, batata doce e oito claras de ovos, além de verdura, legumes e peixe ou frango, porque não como carne vermelha. Na parte da tarde, tomo uma proteína e, à noite, faço um lanche menos reforçado”, conta.
Coragem no mar
O gosto pela natação não proporciona apenas medalhas à atleta master. Ao lado de amigas que também praticam o esporte, Denise vem conhecendo diferentes municípios de todo o continente. “O que é bom é que vamos competir, mas aproveitamos para conhecer o lugar. Esse é um dos retornos da natação. Nunca tinha conhecido Uberlândia (MG), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), João Pessoa (PB). Então unimos o útil ao agradável.”
As aventuras, muitas vezes, acabam desvendando desafios inesperados. “O que mais me marcou nesse ano foi a travessa do Rei e Rainha do Mar, em Copacabana. O mar estava muito revolto, as ondas altíssimas, pessoas desistiam de entrar ao ver o cenário até por ser uma ameaça, um risco. E me veio uma coragem, mas não sei de onde recebo essa força. Talvez pela paixão e segurança de que vou conseguir, mas isso não é tudo, claro. Todos estavam apreensivos e eu entrei, nadei a de mil metros e ganhei. Depois o mar piorou e ainda nadei novamente a travessia de 3.500m, que também venci”, conta.
Nada que enfraqueça a gana por vitórias de Denise, que já tem foco em 2017. “Quero melhorar meu nado costas. Tenho um projeto com nadadores de todo o país para em abril disputar o Mundial em Nova Zelândia e, em junho, a Olimpíada Master em Budapeste.” Alguém barra Denise?