Após transplante, ex-treinador do projeto da UFJF brilha com o Palmeiras
Auxiliar técnico vive melhor fase da carreira após período delicado e voltar ao alto nível do futebol feminino
Aos 36 anos, Bruno Proton vive no Palmeiras um dos capítulos mais importantes da carreira e que carrega ainda mais peso por vir logo após um transplante de fígado que lhe devolveu a vida e a possibilidade de continuar no futebol. Hoje auxiliar técnico do time feminino, o ex-treinador do projeto da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e da base do Tupynambás trabalha diariamente com algumas das principais jogadoras do país e vibra com a chance de estar novamente em alto nível após a superação pessoal.
“São várias jogadoras excelentes. Quando cheguei, trabalhei com a Amanda Gutierrez, indicada à Bola de Ouro e presença constante na Seleção. Tem a Poliana, Fê Palermo, estrangeiras como a Tapia. É um grupo muito focado e trabalhador. A qualidade dos treinos é impressionante.”

A campanha do Palmeiras em 2025 reforça a qualidade do elenco. A equipe chegou a pelo menos uma semifinal em todas as competições da temporada e agora disputa a final da Copa do Brasil — oportunidade que pode render ao auxiliar o primeiro título oficial pelo clube. “Vestir a camisa do Palmeiras é uma honra e uma grande responsabilidade. Aqui não basta jogar bem, tem que vencer. A pressão existe, mas é positiva”, pontua.
O clube também oferece estrutura de ponta. Em Vinhedo, o feminino possui centro de treinamento próprio, e a diretoria acompanha de perto o projeto. “No Palmeiras, sentimos que o feminino é tratado como prioridade. Já até viajamos no avião da presidente Leila Pereira. Isso não acontece em todo clube”, destaca.
Da UFJF ao Palmeiras
Antes de chegar ao Palmeiras, Bruno percorreu diferentes caminhos. Começou no projeto de futebol da UFJF; treinou categorias sub-13, sub-15 e sub-17; além de passar por Tupynambás e Tupi, sendo auxiliar de Ailton Ferraz na Série C do Campeonato Braisileiro com o Galo Carijó.
Em 2019, embarcou para os Estados Unidos, onde trabalhou na escola do Bayern de Munique. Foram três anos treinando meninos e meninas em categorias diversas. A vivência reforçou seu interesse pelo futebol feminino, já tratado com seriedade no país.
Com a pandemia, retornou ao Brasil e se estabeleceu em Belo Horizonte. Em 2021, entrou no Atlético-MG como auxiliar do sub-20 feminino e, no ano seguinte, passou a integrar a comissão técnica do profissional. Ficou até setembro de 2023, quando precisou fazer uma pausa para enfrentar o maior desafio da vida.

O transplante
Após anos convivendo com uma doença no fígado, Bruno entrou na fila para transplante em julho de 2023. A cirurgia ocorreu em 15 de outubro, e ele se recuperou bem, ainda que os primeiros meses tenham exigido cuidados extremos.
“Estar vivo, ter recebido um órgão de alguém no pior momento da vida me faz valorizar cada vitória do dia a dia. Estar numa final nacional pouco tempo depois de um transplante é surreal”, diz.
JF e futuro
Apesar de ter nascido em Itaúna, Bruno se considera um fruto de Juiz de Fora. “Vivi a minha vida toda na cidade e tenho muita gratidão pelo projeto da UFJF, porque foi ali que eu aprendi a trabalhar com futebol. No começo, foi onde as portas realmente se abriram”, relembra.
Bruno também cita colegas que trilharam caminhos semelhantes. “Trabalhei com o Alex Nascif, que hoje está se destacando no cenário nacional. O Felipe Soldado também, que veio do projeto e hoje trabalha com futebol feminino na Europa. Juiz de Fora tem muitos profissionais bons só esperando uma oportunidade.”
Com a Copa do Mundo feminina de 2027 no Brasil, Proton vê perspectivas animadoras. “A evolução do futebol feminino é enorme. O país está no caminho certo, melhorando salários, estrutura, centros de excelência”. O otimismo do profissional se estende à Seleção. “Vencemos Inglaterra e Itália. Estou bem confiante, quem sabe não vem esse primeiro título em casa?”.
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Tópicos: Futebol feminino









