Sandro Dias, o Mineirinho, tem encontro com jovens skatistas de JF
Hexacampeão mundial tem encontro com jovens de escolas da cidade no projeto Academia do Skate, em que é padrinho, e comemora maior procura após esporte se tornar modalidade olímpica
Hexacampeão mundial e um dos maiores ídolos do país no skate, Sandro Dias, o popular Mineirinho, 42 anos, esteve em Juiz de Fora nesta quinta (22), onde compartilhou experiência de 33 anos sobre as rodinhas com dezenas de jovens juiz-foranos participantes do projeto Academia do Skate, deu show na pista montada no Shopping Jardim Norte, e revelou desejo de disputar a Olimpíada de Tóquio, em 2020, edição que tem a estreia do skate na história dos Jogos Olímpicos.
Mineirinho é padrinho do projeto gratuito que atende crianças entre 2 e 17 anos na cidade desde o dia 19 de janeiro. Até esta semana, a Associação Natividade, organizadora do projeto financiado pela Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, já havia contabilizado 1.316 atendimentos. Juiz de Fora é o primeiro município do interior de Minas Gerais a receber a iniciativa, com instrutores que orientam os jovens, além da realização de oficinas e palestras. As atividades seguem até 18 de março, de terça a sábado, das 10h às 20h, e no domingo das 14h às 20h.
Além de valorizar a iniciativa com presença no local e aconselhar crianças e adolescentes da Escola Municipal Núbia Pereira de Magalhães, entre outras atraídas pelo evento, Mineirinho atendeu a Tribuna, se mostrou otimista com o papel dos skatistas brasileiros na Olimpíada de Tóquio e revelou o desejo de, aos 45 anos, defender o país em competição inédita na carreira. Confira a seguir a entrevista completa.
Tribuna de Minas – Já conhecia a cidade? Como foi a recepção?
Mineirinho – Já tinha vindo a Juiz de Fora algumas vezes para fazer ações com patrocinadores, mas para um projeto como esse é a primeira vez. Sempre tive uma recepção muito bacana. Está sendo um pouco mais especial por ser um projeto dentro de um shopping, que atrai mais pessoas, públicos diferentes, então é uma experiência muito legal, estou gostando bastante.
– Como recebeu a notícia de que o skate virou esporte olímpico?
– Era algo que esperávamos há muito tempo e ficamos muito felizes. Temos que preservar o que o skate é e não deixar que o Comitê Olímpico Internacional tente mudar nosso esporte que já existe e não depende das Olimpíadas. Sabemos que teremos mais mídia, o mercado vai melhorar, mas é algo que a gente não precisa. Vem para agregar, se for para mudar nosso esporte, saímos fora!
– Qual o nível do Brasil no skate atualmente?
– É fato que, com a questão olímpica, os pais também são mais atraídos. A procura pelo skate é muito maior. Faço acampamento infantil e senti isso nele. Assim que o esporte foi anunciado como olímpico, os pais começaram a ligar mesmo em nossa temporada de férias. Muda a ideia do pai para com o filho em deixar ele praticar skate, então é muito importante. E hoje o Brasil é uma das grandes potências do skate mundial. Se tivesse Olimpíada nesse ano teríamos medalhas, com certeza. Imagina daqui a dois anos e meio! Estão surgindo novos nomes, a cada ano que passa vejo ótimos skatistas aparecendo e acredito que até 2020 tenha muita gente nova lá.
– E o Mineirinho? Que estar lá?
– Quero tentar, quem sabe! Vou ser o mais velhinho lá!
– Qual a importância deste projeto na formação de crianças e adolescentes?
– Fico contente porque essa iniciativa é algo que não tive na minha época, quando comecei a andar de skate. Iniciei há 33 anos, quando o skate nem era esporte ainda, não havia incentivo, competições. A gente andava porque gostava, sem acreditar que isso poderia dar certo em nossas vidas. Mas hoje, com essas oportunidades, ainda mais em um mundo maluco, com tantas coisas ruins que chegam com muita facilidade nas crianças, temos que tentar mostrar um caminho do bem, que é o do esporte. Tento fazer o possível para pelo menos encaminhar esses meninos para o esporte, porque sei que dá certo se você se empenhar, tiver talento. Mas se não der certo, que vire um bom cidadão. Acredito nisso.
– Qual conselho daria aos iniciantes no esporte?
– Nunca falo para as crianças que começam a andar de skate pensarem em ser profissionais ou simplesmente olhar para a nossa carreira e pensar que são mil maravilhas. Ando de skate há 33 anos. Acham que é tudo mais fácil porque está tudo construído, não precisam passar pelo que eu vivi. E cada um tem um talento para uma coisa. Se a criança descobrir que tem para o skate, tem que seguir. Se não, com certeza vai aprender com o skate a ser persistente, paciente, ter força de vontade. Ele ensina muito e é isso que tentamos passar. E você pode trabalhar em outras áreas que envolvem o skate, como o jornalismo, as redes sociais.