Caminhos opostos
Após anunciar que não faz mais parte dos planos da comissão técnica do Tupi para a Série B na noite da segunda-feira
(18), o ex-capitão da equipe, Osmar, concedeu entrevista coletiva no fim da manhã desta terça (19) e detalhou pontos da reunião que realizou com o técnico carijó, Ricardo Drubscky, o vice-presidente de finanças, Jarbas Raphael, e o diretor executivo de futebol, Gustavo Mendes, além de revelar a vontade de membros da cúpula do clube em sua permanência. “Ainda não houve uma rescisão contratual. Após o treino fui comunicado que não fazia mais parte dos planos da comissão técnica e hoje pela manhã marquei com o Jarbas e o Gustavo para ver o que poderia ser feito. Tenho contrato até o final do ano e estamos tentando chegar em um acordo. Se não houver um acordo financeiro, volto a treinar na segunda-feira, porque sou jogador do clube”, iniciou o atleta. Confira a entrevista de Osmar:
Motivo
“Fui comunicado pelo Ricardo. O Gustavo e o Jarbas também estavam na sala. Após o treino, estava aqui para jantar, me chamaram e fui comunicado que não faria mais parte do grupo. O Drubscky que comunicou, falou que queria dar uma cara nova na lateral-direita e tinha algumas opções no mercado e por isso eu não estaria fazendo mais parte do planejamento para a Série B. Perguntei qual o motivo da minha dispensa e ele simplesmente falou que por questões técnicas e táticas.”
Ligação ao relacionamento com Cloves Santos
“Confesso que quando o Cloves (ex-diretor do Tupi) saiu na metade do campeonato senti até medo de uma represália. Mas, pelo contrário, na semana em que ele saiu, a Myrian (Fortuna, presidente do Tupi) conversou muito comigo, sempre tive um relacionamento com ela. O Maranhas, que é o vice-presidente, me chamou para uma reunião em seu consultório para falarmos a respeito do clube, para que eu pudesse estar segurando o grupo usando minha liderança, já que passávamos por um momento difícil na competição. Ele falou que contaria comigo para o restante do ano. Então creio que não (há ligação). O Cloves é um amigo que fiz no futebol, e quando ele saiu a Myrian disse ao grupo que tudo o que foi acertado por ele seria cumprido pelo clube. Me estranha depois de alguns meses eu ser dispensado, mas a conversa ontem foi muito clara. O treinador não quer contar com meu trabalho.”
Dívidas da Série C
“Praticamente 80% daquilo que foi acertado e combinado desde o ano passado está sendo cumprido. Tem algumas coisas de salário e premiação que eles estão pagando parceladamente este ano. Até então não tenho que falar nada em termos financeiros a respeito do clube. É tentar resolver essa minha situação.”
Idade
Além de Osmar, 34 anos, Fabrício Soares (37), Pirão (30) e Kozlowski (28) também deixaram o clube. A experiência em comum, para o ex-capitão alvinegro, seria apenas coincidência. “Isso seria até preconceituoso, você qualificar a equipe pela idade do atleta. Creio que o Drubscky não tem isso em mente. E meus números, principalmente no Mineiro, tenho isso guardado, são muito bons. Sou um dos jogadores que mais corre na equipe, o que mais vai ao fundo e faz cruzamentos na área. A avaliação tem que ser feita por aquilo que o jogador está produzindo e não pela sua idade. Creio que não seja isso, e essa pergunta acho que seria melhor respondida por ele, se por ventura tiver coragem.”
Sentimento
“Acho que a palavra mais adequada seria tristeza. Você faz um planejamento não só financeiro, mas de carreira, estou chegando a um momento dentro do futebol complicado, tenho 34 anos e seria uma oportunidade muito boa de jogar. Ano passado joguei a Série C, mas foi muito bom, e em 2014 fiz dois jogos pelo Icasa na Série B. Seria muito bom, profissionalmente, jogar a Série B de novo, principalmente pelo Tupi, e infelizmente isso por enquanto não vai ser possível pelo Tupi, mas de repente posso jogar por outra equipe.”
História no clube e discordância de diretores
“Nesse tempo que passei no Tupi foram momentos marcantes. Faço um agradecimento especial ao Felipe Surian (ex-técnico da equipe), amigo de longa data, que em um momento difícil da minha carreira abriu as portas do Tupi para que eu pudesse estar desempenhando meu futebol. Cheguei, na época, desconfiado por muitos, mas consegui desempenhar meu trabalho, fiz um bom Mineiro mesmo com o time em uma campanha irregular, e a Série C não preciso falar nada. Foi um ano marcante não só para mim, mas para o Tupi, cidade, para vocês que acompanharam o Tupi conseguir um fato inédito que vai ficar marcado por um bom tempo. Faço um agradecimento especial ao Cloves, que era o diretor de futebol na época e acreditou na palavra do Felipe. É uma amizade que vou levar para a vida toda. E a todos os funcionários do clube, que sem eles a máquina não funciona. À direção, que a todo momento fala que não compactua com a decisão, queriam continuar comigo e espero que tudo possa se resolver e nada fique manchado nesse tempo que fiquei aqui.”