‘Equilíbrio é tudo’
“Para esperar a bola chegar no pé eu coloco a minha avó!” “Troca de passe na zaga? Isso aqui não é o Barcelona!” Colecionando frases como essas, Leston Júnior tem conquistado o elenco do Tupi. Com um toque de descontração nas cobranças, o treinador alivia a pressão dos treinamentos e aproveita o clima positivo para ganhar a confiança do grupo e fixar suas convicções.
O treinador se orgulha de ter o ambiente positivo como uma das virtudes nos trabalhos. Um clima leve que, segundo o comandante, não é exclusivo dos períodos de invencibilidade em campo. “Podemos perder um jogo que o ambiente não vai mudar. A liderança não está relacionada a uma postura de ditadura. Essa forma de conduzir o trabalho, mesclando descontração e cobrança, acaba abrangendo todos os atletas, do mais jovem ao mais experiente”, avalia Leston Júnior, que, aos 36 anos, é mais jovem que alguns dos líderes do elenco.
Aos 37, o zagueiro Fabrício Soares é o “chefe” do grupo carijó pela experiência e liderança. Da mesma geração que o treinador, o defensor exalta o perfil de trabalho da comissão técnica. “O Leston é muito inteligente nessa parte. Já tem o nosso respeito. Estamos criando essa identidade do jeito de trabalho dele, e isso facilita a convivência. Os novos treinadores são mais modernos em termos de treinamento, de conduta. Por isso essa facilidade que ele tem conosco.”
Se Leston Júnior tem a confiança dos experientes, os jovens também avaliam-no positivamente. Kaio Wilker, 22, já trabalhou com profissionais de perfis diferentes (inclusive o próprio Leston, no Madureira), e valoriza a convivência amistosa no dia a dia do Carijó. “Temos um treinador dentro de campo, mas que se posiciona como um companheiro. Na hora de cobrar, ele leva com espontaneidade. Mas na hora de dar um ‘aperto’, ele também dá ‘dura’. É natural dele.”
“Adutor de Grilo”
Com humor afiado, Leston Júnior é habilidoso com apelidos. Bastou um cruzamento não ser feito com a força adequada para o meia Vinícius Kiss ganhar a alcunha “Adutor de Grilo”. Algumas gargalhadas depois, o jogador tentou novamente e fez o lançamento na medida certa. Imediatamente foi promovido a “Adutor de Aço”. “Eu levo numa boa, é uma maneira de cobrar”, avalia Vinícius Kiss.
Com o grupo fechado, Leston Júnior baseia seu método de trabalho no equilíbrio. “É tudo na vida. Cobrança, descontração e valorização são ingredientes importantes em um bom grupo. Isso talvez seja o maior mérito de uma boa condução de grupo: conseguir que 30 atletas, cada um com seu objetivo individual, sintam-se importantes na medida correta.”
Mirando a volta à Série C no dia 27, contra a Portuguesa, a diretoria do Carijó acertou um período de treinamentos em Lima Duarte, de sábado à próxima quinta-feira, quando segue direto para São Paulo.