‘Seguimos o plano de investimento’, diz executivo da Thomson Reuters
José Domínguez garante manutenção de aporte financeiro em JF apesar de quadro de estagnação econômica
Ainda que a estimativa de alta do Banco Central para o Produto Interno Bruto (PIB) esteja estagnada na casa de 0,8% conforme o Relatório de Mercado Focus, os planos de investimento a curto prazo da Thomson Reuters para o escritório de Juiz de Fora permanecem os mesmos. Em entrevista à Tribuna, o líder de Soluções Jurídicas para a América Latina, José Domínguez, garantiu a manutenção de aporte financeiro na unidade, estratégica à multinacional uma vez que concentra o desenvolvimento de software de serviços jurídicos – chamado Legal One. Desde 2013 em Juiz de Fora após comprar a NovaProlink, a Thomson Reuters, líder mundial em informação estratégica e soluções em tecnologia, é responsável por, aproximadamente, 200 postos diretos de trabalho.
“Sempre teremos uma visão de longo prazo. Não vemos os investimentos como algo de curto prazo. Há oportunidades que vão fazer com que o mercado cresça mais. E é isso o que vai basear as nossas decisões. Seguimos com o mesmo plano de investimento. Às vezes, achamos que o mercado crescerá mais, mas, por fim, não cresce. Isso impacta as nossas ações, mas não o nosso investimento”, diz o executivo da Thomson Reuters para a América Latina. Domínguez, entretanto, ponderou que há, anualmente, um “pacote de investimentos” destinado a Juiz de Fora, variável conforme oportunidades e qualidade de recursos. “Ainda não sei se o investimento de 2020 será maior ou menor que o atual, mas não haverá uma variação grande.”
Nos últimos anos, conforme o executivo da Thomson Reuters, os investimentos na unidade de Juiz de Fora foram direcionados ao desenvolvimento do Legal One, além do fomento de parcerias. “Fizemos uma migração de todo o nosso sistema, que era off-line, para a nuvem. Todo o desenvolvimento desta migração saiu de Juiz de Fora, com todos os times. (…) Além disso, investimos no desenvolvimento de novas funcionalidades, na cobertura do processo judicial – em que temos robôs de captura -, e na incorporação de novas tecnologias. Tudo isso requer investimentos.” A plataforma auxilia escritórios de advocacia e departamentos jurídicos a gerenciar processos judiciais, bem como pesquisar conteúdo editorial, resultados de processos, documentos, contratos e procurações a partir de uma base de dados.
Mão de obra
Para Domínguez, a criação da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), em 2017, no Rio de Janeiro (RJ), é um símbolo do crescimento do setor de tecnologia da informação voltado para o Direito. A AB2L, conforme o executivo, reúne cerca de 200 companhias filiadas. E, em razão do grande número de instituições de ensino, e, por consequência, de mão de obra, Juiz de Fora é vista como um relevante polo por José Domínguez. “Estamos permanentemente buscando o melhor talento que podemos encontrar. Estar em uma cidade com vida universitária é muito importante, porque é o talento que queremos formar, fazer crescer e dar oportunidades. Durante agosto, entraram novos 21 estagiários no escritório. Muitos dos atuais funcionários da empresa trabalharam conosco como estagiários. (…) É uma das coisas que nos faz estar em Juiz de Fora.”
Interpelado sobre o impacto da Thomson Reuters na economia juiz-forana e regional, Domínguez estimou que a multinacional é responsável, diretamente, por 200 postos de trabalho, além de provedores ou parceiros que se desenvolvem em Juiz de Fora. Sobre a remuneração da mão de obra de Juiz de Fora se comparada a de outros escritórios da multinacional, Domínguez afirma que a motivação da Thomson Reuters não é financeira. “Estamos em Juiz de Fora porque achamos que podemos captar melhor o talento. Temos a nossa história ligada a Juiz de Fora. Também há a parte de como vinculamos o passado (NovaProlink) com o futuro. A vida universitária e a capacidade de capturar talentos são das maiores coisas que há”, alega. “Sempre haverá lugares onde se ganha mais, mas, não tenho dúvidas, em uma empresa global, há lugares em que se ganha muito menos.”