Em nova alta de preços, gasolina chega a R$ 6,29 em JF

Valor é até 5% superior ao maior valor apurado pela ANP na semana passada


Por Gracielle Nocelli

13/05/2021 às 08h31- Atualizada 13/05/2021 às 10h20

Os juiz-foranos enfrentam uma nova alta de preços dos combustíveis esta semana. Nos postos, é possível encontrar a gasolina por R$ 6,29 e o etanol por R$ 4,79. Os valores superam os verificados pela última pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizada entre os dias 2 e 8 de maio na cidade. Os sucessivos reajustes nos preços dos combustíveis realizados esse ano pressionam os custos de produtos e serviços e comprometem ainda mais a renda das famílias durante a pandemia da Covid-19.

Levantamento realizado pela Tribuna junto a dez postos da cidade, na quarta-feira (12), identificou que o litro da gasolina é vendido entre R$ 5,99 e R$ 6,29, valores até 5% mais caros em comparação com a margem apurada pela ANP na última semana, que variava de R$ 5,69 a R$ 5,99.

Com relação ao etanol, a diferença chegou a até 10,6%. A consulta feita pela reportagem verificou oscilação entre R$ 4,44 e R$ 4,79. No levantamento da ANP, os preços estavam entre R$ 4,09 e R$ 4,33. De acordo com parte dos estabelecimentos consultados, a nova alta de preços se dá pelo repasse de custos, uma vez que os produtos também encareceram para os revendedores.

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Levantamento da Tribuna em dez postos aponta o encarecimento dos combustíveis na cidade (Foto: Fernando Priamo)

Composição de preços

A professora de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Leila Pellegrino, explica que a formação do preço final dos combustíveis ao consumidor é reflexo de vários fatores, desde os externos, como o preço do petróleo e a taxa de câmbio, até os internos, como a carga tributária praticada no país. “Somados, ICMS, PIS/Pasep e Cofins respondem por 44% do valor final da gasolina”, exemplifica.

Segundo a especialista, a demanda e a oferta do etanol também interferem na composição de preços. Ela explica que, embora seja um item de produção nacional, o valor é influenciado pelo câmbio e pela cotação do açúcar no mercado internacional. “O aumento do consumo de álcool para uso doméstico também influencia.”

Demanda e oferta

De acordo com o boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), o aumento da demanda das distribuidoras pelo etanol hidratado e anidro, esse último utilizado na mistura da gasolina, elevou o preço dos produtos na última semana.

Entre os dias 3 e 7 de maio, o etanol hidratado fechou com alta de 10,05% frente à semana anterior, enquanto o anidro registrou aumento de 9,42%. “Vale ressaltar que essas foram as maiores valorizações desde a semana de 15 a 19 de fevereiro”, destaca o Cepea. A maior procura das distribuidoras ocorreu em função da redução da oferta. “As produções de açúcar e etanol estão menores neste começo de moagem.”

Gasolina acumula alta de 30% em 2021

Desde janeiro, os combustíveis sofreram aumentos de preços consecutivos, reflexo direto dos reajustes realizados pela Petrobras nas refinarias e da conjuntura econômica do país. Neste intervalo, a gasolina acumulou alta de 30%, e o etanol, de quase 39% em Juiz de Fora. No início do ano, eles eram vendidos a R$ 4,83 e R$ 3,45, respectivamente.

O encarecimento dos combustíveis pressiona os custos de diferentes produtos e serviços, uma vez que as rodovias são a principal forma de acesso no país. “Além de comprometer o poder aquisitivo da população, já muito afetada pela perda da renda e do emprego na pandemia, a alta dos preços reforça pressões inflacionárias e tem efeitos negativos sobre a atividade econômica”, avalia Leila Pellegrino.

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