Movimento nas ruas deixa comércio otimista
Apesar de boas expectativas com as vendas, Sindicomércio acredita que recuperação econômica ocorrerá lentamente
Com a migração de Juiz de Fora para a onda amarela do Minas Consciente e a retomada de boa parte das atividades comerciais, o setor já sentiu um movimento positivo nas lojas da cidade, puxado, em especial, pelo Dia dos Pais. Celebrada no último domingo (9), a data foi responsável pela maioria das vendas no final de semana. Nos próximos dias, o setor segue otimista com a movimentação nas ruas, que estava intensa por volta de meio-dia desta segunda-feira (10). Entretanto, entidade representativa acredita que a recuperação dos efeitos econômicos da pandemia ocorrerá de maneira lenta.
Na loja de calçados esportivos Planeta Corrida, as vendas no último sábado foram, em quase sua totalidade, voltadas para presentes do Dia dos Pais, de acordo com o gerente do estabelecimento, Gabriel Pedretti. “[A data] movimentou muito o comércio não só na nossa loja, como em geral. O Dia dos Pais fez a diferença”, conta. “Daqui pra frente, temos uma boa expectativa, até pelo nosso ramo ser esportivo. Em Juiz de Fora, as pessoas estão se interessando muito pelo esporte, principalmente neste período de pandemia, muita gente pratica atividades individuais, como corrida.”

Entretanto, conforme relatado por Pedretti, as vendas do último sábado e da manhã desta segunda-feira ainda não estão no mesmo patamar do período anterior à pandemia. “Com relação aos outros tempos que estávamos vivendo, o movimento ainda está baixo, mas a gente crê que a retomada seja gradativa e, em breve, vai estar normalizado.”
O Dia dos Pais também trouxe movimentação na loja de vestuário D’Gatte Jeans, que apostou em divulgação nas redes sociais para captar os clientes. A vendedora Natacha Alves Daniel também está com boas expectativas em virtude da reabertura do estabelecimento. “Acreditamos que tudo vai correr bem, da maneira certa, vai fluir. Vamos conseguir recuperar o tempo perdido no semestre passado”, diz.
Ruas lotadas
Entre 11h e meio-dia desta segunda-feira, as ruas centrais de Juiz de Fora apresentavam grande movimentação de pessoas, em especial no Calçadão da Rua Halfeld e na Rua Marechal Deodoro. Parte dos juiz-foranos se concentrava nas portas de bancos e lotéricas, onde se formavam filas para utilização dos serviços.

A retomada gradual das atividades econômicas, desde a adesão do município ao Minas Consciente, vem levando mais pessoas às ruas, como foi observado pela sócia da loja Mega Móveis, Amanda Zampa. Segundo Amanda, o movimento já havia crescido quando Juiz de Fora estava na onda branca – antes de reformulação do programa estadual -, porém, com a mudança para a fase seguinte, a presença dos consumidores nas ruas demonstra estar se intensificando.
No estabelecimento, avalia, mesmo com atendimento remoto, grande parte dos clientes prefere fazer compras pessoalmente. “Tem gente que não abre mão de vir aqui na loja e olhar o produto. Estamos orientando optar mais pelo atendimento on-line por conta da pandemia, porque a situação ainda está complicada. Mas, de qualquer forma, estamos à disposição para quem quiser vir pessoalmente”, diz Amanda. “O movimento na loja começou a aumentar. Tem momentos que pedimos para o pessoal aguardar um pouco lá fora, precisamos dar uma controlada.”

Para Sindicomércio, 200 estabelecimentos teriam fechado
Mesmo com a retomada das atividades comerciais, o setor ainda acredita que a recuperação econômica será lenta, como apontado pelo presidente do Sindicato do Comércio (Sindicomércio), Emerson Beloti. Isto porque grande parte das vendas atuais deve ser direcionada para saldar dívidas. “Os empresários do comércio ficaram muito tempo fechados. É uma situação de venda mais para pagar os nossos compromissos, e não de lucratividade.”
Como lembrado pelo representante do setor comercial, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia no final de julho, exemplificam a situação. Em Juiz de Fora, quase 6.400 postos de trabalho foram fechados no semestre passado. “Entre eles, cerca de cinco mil estão no comércio”, diz Beloti. “Esses cinco mil fazem parte de algumas empresas que estão autorizadas, mas não retomaram porque fecharam o seu negócio. Isso está perto de 200 estabelecimentos, seja no Centro ou em bairros.”
Ainda conforme o presidente do Sindicomércio, muitos estabelecimentos precisaram fechar as portas por não conseguirem manter o ponto por dificuldades de negociar com os locadores ou por não terem capital de giro. Desta forma, o setor defende que haja um reestudo das locações comerciais. “Existiam muitos imóveis no Centro alugados por valores que, hoje, são astronômicos, mas que antes não eram porque você tinha muita venda. Com essas complicações que vamos ter que atravessar até o ano que vem, vai ter que haver uma adequação.”
Protocolos
O Minas Consciente prevê, agora, três ondas: vermelha, amarela e verde. Como Juiz de Fora se encontra na onda amarela, ainda resta uma etapa para retomada integral das atividades econômicas na cidade. Desta forma, segundo Beloti, é importante que os empresários do comércio cumpram todos os protocolos estabelecidos para o setor, como limitar o número de clientes dentro dos estabelecimentos e adotar medidas de higiene, de forma a avançar no programa estadual. “Precisamos continuar na evolução, porque a outra onda depende muito da progressão da nossa. Ainda tem empresários com muitas dificuldades e fechados”, justifica.
Na onda amarela, em que Juiz de Fora se encontra, podem funcionar atividades diversas, como lojas de artigos esportivos, eletrônicos, floriculturas, autoescolas, livrarias, papelarias e salões de beleza, atividades que, antes, eram dispersas em três ondas e, agora, foram condensadas no estágio intermediário após reformulação do Minas Consciente. Na onda seguinte – verde -, fica liberado o funcionamento de academias, teatros, cinemas e clubes, alguns serviços que nem mesmo tinham perspectiva de abertura pelo planejamento inicial.