Movimento ainda é baixo nas peixarias
Para os católicos, o fim do carnaval na Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma, período em que, pela tradição religiosa, os fiéis devem fazer sacrifícios, a maioria deles optando por deixar de consumir carne vermelha. Com isso, a primeira quarta após a folia é tradicionalmente um dia de muita busca por pescados de variados tipos nas lojas do ramo, algo que parece ter sido um pouco diferente neste ano. Na peixaria Granjamar, na manhã desta quarta-feira (10), não havia filas para comprar peixe, e o consumidor podia escolher sem qualquer tumulto o que desejava levar para casa. “Ainda é cedo para avaliar o movimento, mas a loja está mais vazia do que em outros anos”, diz Ana Cristina Penaqui, peixeira há 10 anos. “O normal entre a Quarta de Cinzas e a Semana Santa é nosso movimento triplicar, vamos ver como será daqui para frente”, diz ela, revelando que cavalinha, tiravira e corvina estão entre os mais procurados, custando menos de R$ 20 o quilo.
Segundo Ana, outro fator que pode ter impactado a venda neste primeiro momento foi a proibição de pesca da sardinha devido a seu período reprodutivo. “Foram uns três meses de proibição, e a sardinha é um peixe muito procurado. Certamente a liberação da pesca, a partir do dia 15, impactará nas vendas”, avalia Ana. Para o servidor público Ronald Gomes Picoli, que optou por comprar filé de merluza, houve um pequeno aumento do preço. “Acho que é prematuro dizer que o movimento caiu vendo o início das vendas, mas houve sim um ligeiro aumento de preço em comparação ao ano passado”, avalia.
No Armazém do Porto, entretanto, o gerente Márcio Castadel, que atua no estabelecimento há seis anos, não observou queda no movimento habitual. “Está mais ou menos a mesma coisa. Mas estamos com dificuldade de achar alguns peixes, como namorado e a sardinha, que está com a pesca proibida”, diz ele, relatando também que houve pouca variação nos preços. “Diminuímos nossa margem de lucro e repassamos pouquíssimo ao consumidor, até para termos um preço mais competitivo em relação ao da concorrência”, conta. No Armazém, os peixes mais procurados são a corvina, sardinha, cavalinha e tiravira, preços variando entre R$ 9,90 e R$ 19,90. A estratégia de não repassar o aumento dos preços ao consumidor foi notada – e comemorada – pelo bombeiro militar Ronaldo José Machado. “Aqui está mais barato que na feira, onde costumo comprar”, diz ele, que optou pelo tiravira. “É o peixe que sempre compro, fica ótimo em porções e na Quaresma, a oferta de peixes frescos tende a ser melhor”, analisa ele.
Na família do empresário Jocemar de Assis, a privação de carne vermelha é respeitada no período que se segue até a Semana Santa, e a cesta de compras estava cheia. “Comprei uma quantidade boa de corvina e filé de merluza, que são os peixes que estamos acostumados a consumir. E ainda vou comprar mais peixe até o fim da Quaresma”, diz ele. Para o gerente Márcio Castadel, o movimento tende a crescer significativamente nos dias que antecedem a Semana Santa. “Costumamos fazer fila na porta da loja. Na quarta e quinta antes da Sexta-feira Santa, a procura é impressionante, e estamos preparados para que seja assim este ano também.”