Passeio turístico pelo Centro é voltado para juiz-foranos conhecerem história da cidade

“Sempre escutava que em Juiz de Fora não tem nada para fazer.” Essa frase, que se repetiu tantas vezes para Inácio Botto, vindo de Bicas para o município, moldou boa parte da sua trajetória como turismólogo, historiador e guia turístico – e no sentido de provar que é justamente o contrário. Uma das iniciativas dele para que a população possa saber de perto que não só há várias opções de lazer na cidade, mas que também há muita história e cultura nas paisagens juiz-foranas, é um passeio histórico pelo Centro da cidade. Com passagens pelo Parque Halfeld, Cine-Theatro Central, Mercado Municipal, Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, Praça da Estação e os paineis de Cândido Portinari, ele e a guia turística Pâmella Stéfanie mostram curiosidades para a população local e propõem um novo olhar para cenários que fazem parte da rotina dos cidadãos. A primeira edição do passeio acontece neste sábado (29), às 9h, e tem valor de R$20 para participação. 

A ideia de fazer com que o passeio aconteça no Centro está justamente por entender que esse é o “coração econômico, cultural e histórico da cidade”. Também neste ano, toda essa importância fez com que o espaço fosse reconhecido como centro histórico, fazendo com que mais iniciativas turísticas valorizem a região. “Queríamos contar a história do Centro de Juiz de Fora por meio dos prédios e das histórias que eles contam. Quando estamos na correria do trabalho e passamos no dia a dia, não percebemos isso. Nosso objetivo é nos aprofundarmos nesses elementos da arquitetura, nos períodos em que os prédios foram construídos e incentivar a valorização de todo o patrimônio da cidade. É um resgate da memória do Centro”, reflete Inácio.

Com o tema “Entre prédios e histórias: o Centro conta sua história”, então, os atrativos foram escolhidos pela importância histórica que tiveram nos séculos 19 e 20, assim como curiosidades, acontecimentos importantes e reflexões que podem causar. “Esses lugares foram protagonistas de grandes transformações em Juiz de Fora, e que também refletiram no Brasil.” A proposta é começar pelo Parque Halfeld, conhecer a parte interna do Cine-Theatro Central e também recuperar a chegada da energia elétrica na cidade. A ideia de voltar esse passeio para a população da cidade é justamente olhar mais fundo para esses locais, de forma a contextualizá-los. 

Memórias e curiosidades no passeio turístico

A visita promete ainda trazer curiosidades para o público, como os motivos que fizeram Juiz de Fora ser considerada “Princesinha de Minas” ou chamada de “Manchester mineira”. “Muitas pessoas acham que o Parque Halfeld sempre foi o mesmo. Vamos contar as transformações ao longo dos anos, por que existe aquele painel do Portinari no Centro, falar sobre o apito de meio-dia da Halfeld e as pinturas do Angelo Bigi do Central”, cita Inácio, como exemplo.

Para além desses locais já mais conhecidos, ele também trabalha, em suas redes sociais, mostrando espaços demolidos da cidade, contando suas histórias e relembrando a época de sua existência. Esse trabalho passou a ser desenvolvido depois do lançamento de seu livro,“História e Turismo: um olhar sobre a cidade de Juiz de Fora-MG”,  em 2024, em que traz um panorama do turismo em Juiz de Fora – o que fez com que quisesse também destacar os lugares que são da memória afetiva da população. E, também, aqueles que fazem parte de histórias incômodas. “Estou trabalhando com a ditadura militar e temos muitos espaços da cidade que foram importantes nesse sentido, serviram como prisão ou centros de tortura. Minha iniciativa é também contar histórias silenciadas.”

Conhecer para preservar

Mais que um passeio, ele entende que esse momento é uma oportunidade das pessoas se aprofundarem sobre Juiz de Fora e entenderem as belezas e os desafios que a cidade enfrenta. “As pessoas desenvolvem um outro olhar sobre a cidade. Durante a faculdade, escutamos que só preservamos aquilo que conhecemos. A partir do momento que nos conhecemos, passamos a valorizar o que existiu ali. E queremos mostrar esse outro olhar do morador, desenvolver isso para ter um olhar crítico. Vai ser uma manhã de mergulho na história da cidade.”

Para quem continua acreditando que não há nada para fazer na cidade, ele recomenda conhecer esses pontos, e diz que também pretende fazer outras edições desse tipo de passeio guiado e em outras áreas da cidade. “As pessoas podem descobrir uma cidade rica em cultura, em história e com muitos museus, parques e curiosidades. Queremos trazer esses elementos para as pessoas conhecerem e disseminarem. Nosso objetivo é trazer esse olhar sobre a cidade”, conta. As vagas para essa edição podem ser tratadas diretamente com ele, no telefone (32) 99904-5920.

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