Juiz-forano PretoVivo fica em 1º lugar na Competição de Slam de Minas Gerais
Evento aconteceu no último fim de semana em Belo Horizonte; em dezembro, artista concorre no nacional
O juiz-forano Yhan Campos Antunes dos Santos, conhecido pelo nome artístico PretoVivo, ficou em 1º lugar na Competição de Slam de Minas Gerais. A disputa de poesia falada foi organizada pelo Projeto Raízes e ocorreu neste final de semana na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, em Belo Horizonte, com três etapas em que os participantes puderam apresentar seus trabalhos de rima. Para conquistar o título, ele conta que levou “poesias de amor” e “poesias de sangue”, em que também refletiu sobre o papel essencial da educação em sua vida. A conquista fez com que fosse selecionado para disputar o campeonato nacional em dezembro, na cidade de Camaçari, na Bahia.
A escolha de ter levado poesias de amor, para ele, foi bastante ousada – conta que geralmente essas “não colam” em slam. Mas resolveu leva-la mesmo assim, “simplesmente porque queria”, e sentia que o representaria bem. Apesar de ser o maior slam da história de Minas Gerais em número de participantes, com 34 pessoas de diferentes cidades buscando representar os mineiros, ele completou o último dia de competição confiante de que conseguiria o melhor resultado. “Eu já levantei muito determinado. Acordei campeão já, sabe? Eu estava de canto, muito concentrado, e quando me perguntaram o que eu estava pensando, já respondi que era no meu discurso de campeão.” Além de falar de educação, também buscou trazer sua perspectiva em questões sociais e raciais.
Apesar de confiar em seu próprio trabalho, ele, que estava representando Slam Urutau da Urutu Barbearia, confessa que muitas vezes se sente desanimado com o slam. Isso acontece por muitos motivos, como falta de incentivos, de reconhecimento e também de oportunidades. Representar a cidade de onde veio também significa para ele algo de diferente, já que entende que Juiz de Fora precisa ser reconhecida dentro do próprio estado. “Juiz de Fora às vezes fica deslocada do estado, ainda mais no meio da arte, e sinto que como artista tenho feito esse movimento de mostrar que somos também um polo cultural. Eu tinha o sonho de ser campeão estadual em Minas por vários motivos. Um deles, era deixar pra trás esse sentimento de não-pertencimento no estado.”
Além de ter procurado inovar nos temas, acredita que também ter trazido “ritmo e cadência de música” para as poesias ajudou com que se destacasse. O reconhecimento da competição, neste momento, significa estar indo em direção ao caminho certo. “É o maior degrau que alguém da poesia falada pode ocupar, nacionalmente falando. Sinto que estou cumprindo um dever. E que foi possível por ter estado cercado de pessoas que me apoiam e gostam de mim”, destaca. Para ele, que vai começar a se preparar para a próxima viagem, vai ser um prazer poder “conhecer uma cidade a partir da poesia”.
Pré-lançamento de ‘Aluno problema’ de PretoVivo
Antes da Competição de Slam de Minas Gerais, PretoVivo já estava a alguns dias longe de casa. Ele passou, no total, 24 dias trabalhando com poesia, ao divulgar seu trabalho e participar de eventos em São Paulo, Paraty e Belo Horizonte. Em um desses momentos, fez o pré-lançamento do livro “Aluno problema” na Festa Internacional de Literatura em Paraty (FLIP). A obra, como ele já tinha contado à Tribuna, reúne escritos que começaram quando ele também foi se reconhecendo como artista. “As temáticas são variadas em questões sociais, amorosas, escolares. São vivências da perspectiva de um jovem preto e vivo no Brasil. É a minha ótica”, disse, na ocasião. Depois de todas essas andanças, ele ainda pretende fazer o lançamento do livro em Juiz de Fora, em dezembro, com uma festa com as crianças do seu bairro, o Santa Luzia.