Miss Brasil Gay 2024 se despede de reinado e dá dicas nas vésperas do concurso

Em entrevista à Tribuna, Allexa Dantas relembra preparação para o concurso Miss Brasil Gay 2024, fala o quanto a vitória contribuiu para sua trajetória e dá dicas para à sucessora


Por Elisabetta Mazocoli

22/08/2025 às 07h00

Allexa Dantas se despede da coroa que carregou por mais de um ano com a chegada do Miss Brasil Gay 2025  neste sábado (23). A vitória da representante de Minas Gerais, na última edição, valoriza sua trajetória de ligação com a arte, o investimento no preparo da oratória e até a quebra de outros padrões, como o uso de cabelos curtos no estilo “joãozinho”. É com essa ousadia que ela espera que as participantes cheguem para a edição deste ano. Nas vésperas do concurso, a Miss e o organizador do evento, Michel Brucce, dão dicas para as participantes e celebram o papel do Miss Brasil Gay para a comunidade LGBTQIAPN+ e toda Juiz de Fora.

allexa dantas
(Foto: Leonardo Costa)

Ganhar esse concurso representando Minas Gerais era um sonho para Allexa, que começou a trajetória na arte drag queen em 2014, na cidade de Sete Lagoas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Mesmo antes de pensar em atuar como transformista, a Miss revela que já tinha crescido com interesse por dança, desenho, fotografia e música. Até que encontrou sua vocação na área de cabelo e maquiagem e, também assim, novas formas de se expressar. “O fato de eu ter cortado meu cabelo ‘joãozinho’ no ano passado, pra ganhar o concurso, minutos antes do desfile final, foi sim uma quebra de paradigmas e de padrões. Existe um paradigma de que a mulher para ser feminina precisa ter cabelão, e quebrei esse padrão não só no Miss Gay e na nossa comunidade, mas também fora. Brinco com as minhas clientes que, hoje, represento não só o Joãozinho, mas também muitas Marias”, conta. 

A preparação para o concurso teve muitos desafios. Isso porque são mais de 400 concorrentes. O Miss Brasil Gay tem inovado e adotado critérios que vão além da estética e demandam que as misses, de fato, tenham algo a dizer quando são coroadas.  “Tive que aprimorar minha oratória. (..) E, este ano, vejo que as meninas também estão se preparando muito bem. Isso é muito importante porque mostra que a beleza também está no que você tem a dizer para as pessoas”, diz Allexa. É justamente o que a organização buscou com as mudanças, como ressalta Michel: “O concurso precisa evoluir. Entendemos a necessidade de ir além da beleza e da cultura, com pessoas representativas que tenham o poder de voz”. 

Também por isso, Allexa Dantas destaca que o melhor de ter sido Miss foi o contato com outras pessoas e os aprendizados que teve como representante de toda uma comunidade. Para ela, o principal para sucedê-la é encarar isso com a mesma responsabilidade. “Mais que estar bem vestida ou bem produzida, é importante colocar a sua essência na passarela. (…) Colocar a sua verdade é o principal da noite”, avalia.

Quase 50 anos de história

Com a edição de 2025 prestes a acontecer, Michel Brucce e todos os responsáveis pelo evento já começam a traçar o futuro do Miss Brasil Gay, principalmente com a edição histórica de 50 anos, que ocorre no próximo ano.  “Somos o maior ato de resistência vivo e ininterrupto do Brasil. Estamos trabalhando para deixar um legado importante, para continuar o trabalho do Chiquinho Mota [criador do concurso], que começou em plena ditadura. O que a gente vem fazendo é modernizar o concurso com a sua atualidade, porque se a gente mantivesse o concurso igual em 1986, não estaria tão vivo e pulsante quanto hoje”, diz ele.

A edição deste ano, portanto, visa consolidar muito do que já foi feito até aqui e, também, apontar um pouco do que pretendem fazer no ano que vem, inclusive com a dinamicidade do concurso — que promete entregar a grande vencedora até 00h — e o retorno para o Terrazzo. Para Brucce, é especialmente interessante ver o quanto os concursos estaduais estão qualificados e como as misses estão chegando ainda mais preparadas. 

Mesmo com toda essa história, colocar o evento de pé continua, para ele, sendo um exercício de resistência. “Faço um convite para os empresários de Juiz de Fora para que estejam com a gente em 2026, com os 50 anos do evento. Os eventos LGBT da cidade movimentam em torno de R$7,5 milhões em um final de semana. Isso é um impacto enorme na economia, não existe evento ou entretenimento na cidade que traga esse recurso. (…) Vamos fazer uma festa linda este ano e gigante no ano que vem”, diz. 

 

Tópicos: Miss brasil Gay

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