‘Guerra civil’, filme com Wagner Moura, estreia nesta quinta no Brasil
Dirigido por Alex Garland, longa apresenta Estados Unidos em um futuro distópico, assolado em uma guerra
Wagner Moura está no centro das atenções nas últimas semanas. Isso porque ele é um dos protagonistas do aguardado filme “Guerra civil“, que liderou as bilheterias dos Estados Unidos no fim de semana de estreia e já fez US$ 25.7 milhões, segundo informações da revista Variety. Dirigido por Alex Garland (“Ex Machina” e “Aniquilação”), o longa, que traz ainda Kirsten Dunst e Cailee Spaeny, estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas brasileiros.
“Guerra civil” custou US$ 50 milhões e é o maior investimento do estúdio de cinema americano A24, responsável também pelo vencedor do Oscar de 2023, “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”.
Fundada em 2012, a A24 tem feito também sucesso no streaming, com “Treta”, disponível na Netflix. “Guerra civil” é sua grande aposta do momento, e a data de lançamento tem tudo a ver com a história apresentada. Isso porque o filme apresenta um Estados Unidos prestes a desmoronar. É um thriller distópico que conta a história de uma guerra deflagrada no país, que estava sendo governado, por três mandatos, por um presidente autoritário. As forças armadas do lugar querem, então, depor o governante, que ainda dissolveu o FBI e ataca de forma recorrente os cidadãos, sobretudo de maneira aérea.
A fotojornalista Lee Smith (Kirsten Dunst), o repórter veterano da Reuters Joel (Wagner Moura) e a futura fotojornalista Jessie Cullen (Cailee Spaeny) se unem para uma viagem pelo país, com o intuito de registrar os estragos dessa guerra civil e suas consequências para a população. Eles têm ainda a missão de entrevistar o presidente (interpretado por Nick Offerman), que, além de tudo, tem um histórico hostil com a impressa – principalmente nesse momento. No entanto, eles acabam se envolvendo com toda a história, e o papel deles vai além da profissão como jornalistas, com ameaças constantes para suas vidas e integridade.
“Guerra civil” tenta colocar o espectador a par de tudo o que se passa nesse ambiente distópico e assusta exatamente pela veracidade das imagens e as cenas assustadoras. Alex Garland, além disso, abre margem para que se discuta os limites das escolhas pessoais e profissionais e qual seria, naquele momento, o certo a se fazer.
Assista ao trailer de “Guerra civil”
Por todo esse histórico que David A. Gross, da empresa de consultoria cinematográfica Franchise Entertainment Research, disse também à Variety que este é um excelente momento para que o filme fosse lançado. “A história não é diretamente partidária, mas está provocando sentimentos partidários. É um equilíbrio delicado a ser alcançado. As plateias estão emocionalmente envolvidas.”
Já ao The New York Times, o diretor Alex Garland disse que o filme trata de “freios e contrapesos”. “Polarização, divisão, como a política populista conduz ao extremismo, onde o extremismo em si acabará e qual é o papel da imprensa em tudo isso. Algo que realmente me preocupava em 2020 era o fato de que havia jornalistas muito bons fazendo um bom trabalho. Mas o que me interessava, e isso vem acontecendo há um tempo, é o quão pouco impacto eles tinham. Se é um filme sobre freios e contrapesos, um dos maiores freios e contrapesos que você tem num governo é a imprensa. Mas a imprensa precisa ser confiável para que isso funcione, e ela foi minada e demonizada em parte por forças externas e internas”. Ele ainda disse que sua vontade era colocar, de fato, os jornalistas como “heróis”. “Não é realmente uma questão de gostar ou não de jornalistas, você precisa deles, porque são o controle e equilíbrio sobre o governo.”
Escolha de Wagner Moura para “Guerra civil”
Em nota encaminhada à imprensa pela Diamonds, distribuidora independente da América Latina, Alex Garland disse que a escolha de Wagner Moura para viver o papel de Joel foi pensada com o intuito de levar leveza à intensidade que “Guerra civil” propõe. “Tem algo de encantador sobre ele, mas também uma espécie de humor. É uma pessoa muito calorosa”, diz Garland. “Eu queria um ator que pudesse interpretar alguém que tem um trabalho bastante extremo, mas que tivesse um jeito um tanto comovente. Ele é essa pessoa”, completa o diretor e roteirista.
Na última semana, os atores de “Guerra civil” participaram do programa estadunidense The View, em que contaram os bastidores das gravações. Em uma das cenas, por exemplo, um personagem é xenofóbico e interroga Joel (personagem vivido por Moura). E, por ser brasileiro, as entrevistadoras questionaram como foi gravar esse trecho. E ele disse: “Foi uma cena muito forte. Eu não esperava que fosse me afetar tanto. Eu sou um cidadão americano, mas não sou daqui. Eu cresci no Brasil, mas moro aqui, me importo com este país. No final, quando acabamos a gravação, eu tive uma (reação) emocional. Deitei na grama e fiquei chorando por (muito tempo)”.