Patrimônio coberto
Enquanto aguarda por restauração, a Fazenda Ribeirão das Rosas, segunda construção mais antiga de Juiz de Fora, recebeu uma cobertura metálica para protegê-la das intempéries. A proteção foi instalada pelo Exército, atual proprietário do imóvel, construído em 1751, entre os bairros Barbosa Lage e Remonta, na Zona Norte.
Em 2009, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública contra a União e contra a Prefeitura de Juiz de Fora, pedindo a revitalização do prédio. Após vistoria realizada por um perito do MPF, constatou-se que a estrutura está comprometida, com “muitos pilares e vigas deteriorando-se devido ao intemperismo, à umidade excessiva advinda das infiltrações e ao ataque de microorganismos e insetos”.
Conforme o Exército, o projeto de restauro ainda está em fase de elaboração. De acordo com um ofício do MPF, a União teria firmado acordo de cooperação técnica com a UFJF para a execução do serviço. Enquanto busca-se verba para a reforma completa, o prédio segue sem condições de ser ocupado.
Futuramente, após a revitalização, a ideia é que a fazenda abrigue o Centro de Educação Ambiental e Cultura do Exército, que já existe e funciona através de parceria com a UFJF. Foi por meio dessa parceria, inclusive, iniciada em 2011, que a universidade se disponibilizou a intermediar a captação de verbas e oferecer apoio técnico para a restauração, o que ainda não aconteceu na prática.
“A fazenda é um patrimônio cultural e arqueológico, porque foram encontrados muitos materiais enterrados, que eram usados pelos escravos. Os registros históricos mostram que Tiradentes serviu ali. Foi um espaço muito importante na época do Império”, explica a professora da Faculdade de Engenharia Civil da UFJF Maria Helena Rodrigues Gomes.
A fazenda é tombada como patrimônio cultural de Juiz de Fora. A sede foi erguida na sesmaria concedida pelo Governador da Capitania de Minas Gerais a Manuel Vidal Lage. Dom Pedro I e a Imperatriz Dona Maria Amélia, em viagem a Vila Rica, pernoitaram na fazenda em janeiro de 1831. Registros também apontam que ali funcionou um posto de fiscalização do pedágio cobrado pelo transporte do ouro. A edificação, remanescente da abertura do Caminho Novo, foi construída em estrutura autônoma de madeira e com vedação de pau-a-pique, totalizando 19 cômodos.
No final de 2010, o imóvel passou por obras de escoramento e integra o campo de instrução do Exército. O casarão apresenta trincas nas paredes, danos no reboco e nas peças de madeira da estrutura de vedação em vários locais, tanto interna quanto externamente. Além de umidade e mofo nas paredes, verificou-se ainda ocorrência de abaulamentos, indicando provável sobrecarga gerada nos locais. As esquadrias também estão em estado precário, com “estrutura prestes a ceder, vidros quebrados e problemas gerados por insetos, fatores que tornam a edificação ainda mais vulnerável às intempéries e às infiltrações de água”, informa o laudo do MPF.