Playground musical
Desde os primórdios do Woodstock, lá em 1969, quando os riffs da Fender Stratocaster de Jimi Hendrix entrelaçavam com sua voz, os festivais já começavam a redefinir a experiência de performance ao vivo com um ideal de liberdade. Era sobre se expressar com a música em diferentes tons. E por que não também ressignificar com a solidariedade? Quarenta e cinco anos depois do evento que marcou gerações, diversos elementos humanizados surgem como se uma nova composição se encaixasse na melodia da vida de muitas pessoas. Em Juiz de Fora, as raízes dos festivais trouxeram novas linhas na história da cidade a partir daqueles que promovem solidariedade através do que amam: a música.
Tudo começou em 2007. Naquele ano, os garotos do Arctic Monkeys se apresentavam no país pela primeira vez, Charlie Brown Jr. completava dez anos, os juiz-foranos da Strike lançavam seu disco de estreia, e o JF Rock City nascia lá no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, com apenas seis bandas. A ideia era dar mais espaço aos grupos independentes da cidade e região. A partir da oitava edição, uma parceria com a Ascomcer trazia a proposta de ajudar o próximo com doações de alimento não perecível valendo ingresso: era o “rock contra o câncer” incendiando os palcos. Segundo a assessoria do hospital, cerca de quatro toneladas de alimentos foram doadas ao longo desses anos, sendo que, em 2016, foram cerca de 1,5 tonelada.
O festival chega a sua 12ª edição com a presença de rock, pop, reggae e blues entre 28 bandas em três palcos. E começa nesta terça-feira, 16, com roda de debates no Complexo Casa sobre o tema “Vivendo da música em JF”, um aquecimento para entrar no clima do festival. A partir de 18h, Lucas Souza (produtor executivo da banda Onze:20 e do JF Rock Rock City), Marcelo Castro (produtor e DJ), Jorge Corrêa (produção técnica e técnico de som) e outros profissionais vão discutir o cenário musical independente na cidade.
Como chegar?
Dando início aos cinco dias de muita música na Manchester Mineira, o sexteto da Hagbard sobe no palco do Cultural para mostrar um folk metal de raiz. Logo em seguida, o destaque da noite fica com os filandeses da Sonata Arctica. Headliner do dia, o grupo de power metal se apresenta em Juiz de Fora pela primeira vez com a turnê do disco “The ninth hour”, lançado em 2016. Com influências da atração principal, os caras da Kyndra prometem fazer bonito após o show da banda que é referência. Os ingressos variam entre R$ 80 e R$ 200, com opção de “meet and greet” no camarim para conhecer os integrantes da Sonata Arctica. Eles estão disponíveis neste link e também nas seguintes lojas físicas: Cultural Produções (Rua Halfeld 513/328), Tuka`s Rock (Galeria General Roberto Neves, 122) e Studio B (Rua Chanceler Oswaldo Aranha, 216).
Como chegar?
Na quinta-feira, 18, a casa do indie rock/pop de JF, Muzik, recebe todos os ingredientes do gênero que a gente assistia naquelas sequências de clipes da antiga MTV. Uma pitada do repertório da Drunken Talles já conta as canções do novo EP, “Volátil”, e covers de bandas como Jet, Arctic Monkeys e Audioslave. Um tiro. Em seguida, a Luke promete colocar todo mundo para dançar com beats eletrônicos, passando por hits de Maroon 5 e Bruno Mars. E se você é daquela época de adolescência nos anos 2000 com Blink-182, Sublime e Red Hot Chili Peppers, as bandas Goya e Mauloa estão aí recheadas de influências do americanos.
Como chegar?
Com um pé no folk e o outro no rock dos anos 70, Tiago Sarmento abre o quarto dia do festival (dia 19, no Galpão Lounge Bar) apresentando melodias de seu novo álbum, “Folk it!”. Em seguida, é a vez da Blend87 mostrar por que se considera uma cosmopolita nas referências harmoniosas do groove-jazz, diferente da lisergia vinda direto da década de 60 para ondas psicodélicas e seus sintetizadores da atração seguinte, The Basement Tracks. Progênito do barulho, a Martiataka chega para colocar o “som no talo” com safras turbinadas do hard rock setentista, o fôlego do punk e aquele feeling do blues. Em clima de encerramento, a Soul Rueiro joga para a galera um set “debowie” com aquele som poético do rap ritmado e enraizado no reggae, suave como swing do blues da La Macchina, que fecha a noite com sua marca registrada, o RGB (Rock Groovy Blues).
Como chegar?
Dia 20 é hora de “deixar arder” toda efervescência das oito bandas que apresentam, a partir das 16h, novamente no Galpão, as vertentes mais sujas do rock, com o progressivo da Unconscious, o thrash metal dos muriaeenses da Drácon, uma descarga elétrica pulsante do duo de guitarras da Algar e o hard rock da Detention. Além disso, o lineup do dia também conta com os death metal da Insannica, os arranjos frenéticos do hardcore da Usversus, um heavy blues da Black Wings para relembrar clássicos do Black Sabbath, e os caras do Projeto Loco para abrir um mosh no meio da galera com seu punk feroz.
Encerrando o festival em JF, a banda Balli, com influências do jazz, blues, soul e funk, abre o Cultural Bar no dia 21, às 16h. Como uma injeção de elementos do rock britânico na veia, o Alarmes, de Brasília, é o segundo grupo a subir no palco para apresentar um indie rock puro, com inspirações do som inglês do Interpol, além de Josh Homme e sua trupe, o Queens Of Stone Age. O grunge da noite fica com o som local de Outubro ou Nada. Logo que a bateria, o baixo e a guitarra entram em sintonia, o ritmo caloroso revela as referências de Raimundos e Detonautas. “Um murro no ouvido em forma de música”. É o recado que a Coroña deixa para um bando de camisas pretas que vão conhecer o stoner e punk rock dos juiz-foranos.
Após conseguir ultrapassar a meta do financiamento coletivo para lançar seu primeiro disco, a Obey! chega ao JF Rock City com composições fortes, som vibrante, cheio de energia, mas sem deixar de lado alguns arranjos harmônicos. Esquentando a galera no palco principal, a Visco chega com o gás de oito anos na estrada e seu pop rock energético de potencial. Para fechar com chave de ouro, os brasilienses da Scalene, vencedores do Grammy Latino de melhor álbum de rock em português, aportam em Juiz de Fora pela terceira vez. O quarteto, que já está no estúdio para a produção do terceiro disco, abre um leque de características do rock ‘n’ roll, entre elas, o stoner/hard rock acompanhado de referências de Led Zeppelin e Royal Blood. Para comprar seu ingresso, acesse este link. Também estão disponíveis nas seguintes lojas: Cultural Produções (Rua Halfeld 513/328), Tuka`s Rock (Galeria General Roberto Neves, 122) e Studio B (Rua Chanceler Oswaldo Aranha, 216).
E nada de chegar lá sem saber as letras. A Tribuna reuniu as bandas disponíveis no Spotify para você já entrar no frisson e curtir o festival com algumas composições na ponta da língua: