Criar é da nossa natureza

Evento “Grandes Nomes”, realizado no Moinho, celebrou a arte como encontro, memória e presença.


Por Lucimar Brasil

15/10/2025 às 14h04- Atualizada 15/10/2025 às 15h19

“Todos nós criamos por natureza. Isso é parte da nossa ordem.  Não é algo só para artistas ou para alguns poucos eleitos.” A frase do músico Caetano Brasil, proferida durante o workshop “Criar não é extraordinário”, sintetizou o espírito do evento Grandes Nomes, realizado no dia 8 de outubro, em Juiz de Fora. Um dia inteiro dedicado ao desbloqueio criativo, à celebração da arte e à valorização de mulheres que marcaram a cultura e a comunicação da cidade.

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Caetano Brasil

Realizado pelo Instituto Vivart, com patrocínio da U&M, incentivo da Lei Rouanet e apoio do Moinho e da Rede Tribuna de Comunicação, o evento reuniu artistas, escritores, músicos e o público em uma programação gratuita de oficinas, rodas de conversa e experiências sensoriais.

A proposta era simples e poderosa: mergulhar no caminho do artista e reconhecer que a criatividade é uma força vital que habita todos nós. “A gente pode se perceber criando a cada momento e produzir vida a partir disso. O Grandes Nomes celebra isso com louvor aqui em Juiz de Fora, um celeiro de tantos artistas e educadores que inspiram o mundo”, disse Caetano Brasil.

O agora acontece sempre

Entre sons, palavras e cores, o dia foi um convite à presença. A prefeita Margarida Salomão participou da abertura e destacou a enorme contribuição do protagonismo feminino. Curadora do evento, Lucimar Brasil, diretora de marketing do Instituto Vivart, destacou o sentido simbólico da experiência. “O que o Grandes Nomes deixa é a consciência de que a criatividade nasce do agora. O ontem já aconteceu, o amanhã ainda não chegou, mas o agora acontece sempre. E é nesse instante que criamos, transformamos e curamos. A arte tem esse poder, o de nos curar como indivíduos e como sociedade.”

Fazer memória

O evento também foi um gesto de memória e gratidão. Uma exposição homenageou 24 mulheres
já falecidas que deixaram marcas profundas na cultura, no design, na comunicação e nas artes de Juiz de Fora e do Brasil, e contou ainda com a presença de familiares.

O ilustrador Eliardo França, esposo da escritora Mary França, uma das homenageadas, resumiu a emoção. “Acho fantástico fazermos memória. É uma forma de manter viva a arte dessas pessoas que trouxeram alegria, conhecimento e inspiração. É importante para nós, para as crianças, para todos que estão descobrindo quem elas foram e o que fizeram”.

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Patrícia e Eliardo França
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Celso Taddei

 

 

 

 

O encontro das criações

Na oficina “Mergulhe no caminho do artista”, o roteirista e escritor Celso Taddei convidou o público a reencontrar o prazer da criação. “A criatividade está em tudo aquilo que a gente pode ser e sonha em se tornar. Muitas vezes, a gente deixa as ideias no campo da esperança, mas eu acredito que podemos trazê-las à realidade em livros, danças, músicas, nas mais variadas formas de expressão”, afirmou.

A cantora Alessandra Crispin, conhecida por sua força no samba e pela presença contagiante, revelou ter vivido uma tarde única. “Foi uma experiência ímpar. As pessoas me conhecem como intérprete, mas aqui pude mostrar minhas canções, minha história e o que move a artista Alessandra. Tive corações abertos e ouvidos atentos. Foi algo que vou levar pra vida.”

Enquanto a música e a literatura abriam caminhos internos, o artista multimídia Filipe Matias transformava  energia do espaço em uma tela viva. “Retratar o público foi mágico. As pessoas se viam nas obras, se reconheciam como parte da criação. Isso é o mais bonito, perceber que a arte nasce desse encontro, desse reflexo mútuo entre quem cria e quem inspira”, contou ele, que pintou ao vivo durante o evento. Também participaram da programação a nutricionista e cantoterapeuta, Ariele Souza e a cantora Camila Brasil.

 

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Alessandra Crispin
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Camila Brasil
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Ariele Souza

 

 

 

 

O legado

Para Jorcélia Pinheiro e Luiz Lucas, pais da cantora, poetisa e atriz Lívia Lucas (Nêga Lucas), também homenageada, o dia foi de emoção e saudade. “Foi um evento lindo. Enquanto assistia ao Caetano Brasil, pensei: ‘esse é o tipo de evento que minha filha amaria estar presente’”, disse Jorcélia, com gratidão.

“Durante todo o dia, vivenciamos o despertar do artista que existe em cada um de nós. Trabalhamos com mais atenção, mais alegria, mais sentido. E isso é apenas o começo. O Grandes Nomes é o primeiro de uma série de projetos, para honrar nossos ancestrais e celebrar os novos talentos”, concluiu Lucimar.

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Filipe Matias
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Margarida Salomão

 

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