Juiz de Fora recebe peça teatral que homenageia escritor francês

Teatro Solar é palco de espetáculo que aborda a vida de Jean Genet, pelo dramaturgo e diretor Francis Mayer


Por Tribuna

12/09/2025 às 07h00

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Thiago Brugger interpreta o francês Jean Genet (Foto: Marginal Genet / Divulgação)

Em apresentação única no Teatro Solar, Juiz de Fora recebe a peça “Marginal Genet”, do dramaturgo Francis Mayer. A obra, que aborda o relacionamento do escritor francês Jean Genet com quatro pessoas marginalizadas, tem exibição marcada para às 20h deste sábado (13). O espetáculo tem o foco na exploração do posicionamento de gênero e está com ingressos disponíveis via plataforma Sympla para maiores de 18 anos.

Inspirado na autobiografia “Diário de um ladrão” (1949) e também em “Saint Genet, ator e mártir” (1952), de Jean-Paul Sartre, o espetáculo tem a duração de 70 minutos. O espetáculo retrata a relação do protagonista, interpretado pelo ator Thiago Bugger, com quatro personagens: o garoto de programa René (Fernando Braga), o comissário de polícia secreta Bernardini (Vinícius Moizés), o morador de rua Lucien (Yago Monteiro) e a cantora Charlotte Renaux (Samuel Godois).

Um defensor dos vulneráveis

Segundo a biografia do escritor, Genet é filho de uma prostituta que o criou até os sete meses e o colocou para adoção. Assim, ele sobreviveu pelas ruas de Paris, como ladrão, sendo preso diversas vezes por roubo. Na prisão, escreveu seu primeiro poema, “Le condamné à mort” (“O condenado à morte”) e o romance “Nossa Senhora das Flores” (1944).

Jean Paul Sartre e Pablo Picasso pediram e conseguiram, junto ao presidente francês, a libertação do escritor. Por conta disso, a partir dos anos 1970 até a sua morte, em 1986, Genet se engajou na defesa de trabalhadores imigrantes na França, assumiu a causa dos palestinos e se envolveu com líderes de movimentos estadunidenses, como Panteras Negras e Beatniks.

Conforme a direção do espetáculo, Genet cultuava a valorização do prazer, da beleza e do humano. Dessa maneira, ele recriou em peças e romances a mesma marginalidade radical que caracterizou a sua vida, como, “As criadas”, “Querelle”, “O balcão”, “Nossa Senhora das Flores”, “Alta vigilância”, “Os negros”, entre outros. Considerado um escritor de combate, despertou admiração em um grupo de intelectuais, como Jean-Paul Sartre, Albert Camus, Jean Cocteau, Jacques Derrida, Michel Foucault, o compositor Igor Stravinski e os líderes políticos Georges Pompidou e François Mitterrand.

De acordo com a produção, o espectador terá acesso à intimidade de um personagem transgressor, com recorte focado nos seus momentos mais intensos, regados a muito lirismo. Além disso, afirmam que com linguagem poética e visceral, o texto propõe uma conversa com o público, a quem o protagonista autoriza uma imersão em seu universo particular, abrindo o seu diário, compartilhando histórias de seus encontros e amores com seres que costumavam viver à margem da sociedade, elevando-os à categoria de heróis.

“Marginal Genet” é produzido por Francis Mayer, responsável pela direção de diversos espetáculos desde os anos 1980.  Algumas de suas obras são os musicais “Angela Maria – Lady Crooner”, “Cazuza – jogado a teus pés” e as peças “Os meninos da Rua Paulo”, com Bruno Gagliasso, “As meninas” de Lygia Fagundes Telles, “Betty Blue”, de Philippe Djian, e “O hóspede”, baseado no filme “Teorema”, de Pasolini.

Serviço

Peça “Marginal Genet”

Data: 13 de setembro

Horário: 20h

Local: Teatro da Solar (Av. Presidente Itamar Franco, 2104 – São Mateus)

Classificação: 18 anos

Ingressos: via plataforma Sympla

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