Escritores promovem jogo de pôquer para financiar livro
Para buscar recursos para “Pôquer a seis”, coletivo Hupokhondría decidiu colocar as cartas na mesa
“Pôquer a seis” é livro de contos, não é jogo de azar. E é com essa ideia que o coletivo Hupokhondría pretende arrecadar 55% do valor do financiamento para a antologia que reúne seis autores locais. A jogatina beneficente acontece domingo (14), às 19h, n’Oandardebaixo, e se trata de uma alternativa para alcançar os R$ 22 mil necessários para a publicação da obra, que marca os dez anos de existência do Hupokhondría. Toda a renda das inscrições do jogo de domingo será investida no projeto, e o que era caracterizado jogo de azar vira sorte e literatura. A recompensa do vencedor vem em forma de obras do Hupokhondría e gratidão. Para quem não sabe jogar, será oferecido um workshop com Guilherme Leitão a partir das 17h. E quem não quiser ir à mesa pode ficar por ali tomando cerveja artesanal e desfrutando dos quitutes da casa enquanto o jogo acontece.
Um dos autores do livro, o ator e professor Gustavo Burla conta que o diferencial deste projeto é a divulgação e produção simultânea, que envolve as pessoas. “A gente está em construção, e as pessoas participam. Tem acesso a nós, questionam sobre o andamento e veem de perto a evolução de cada conto, ilustração.” Outra autora, Mariana Virgílio, que é integrante do grupo desde 2015, ressalta a importância de ações como esta. “O financiamento coletivo ajuda a desenvolver projetos que, sozinhos, não conseguiríamos financeiramente. E nele fica clara a importância de pessoas que valorizam a cultura, principalmente o trabalho de quem vive próximo a você, um amigo seu, por exemplo.”
A obra
O Grupo de Estudos Matemáticos do Hupokhondría – que entende de somar ideias e multiplicar palavras – é quem assina o livro a ser financiado. Composto por Elena Duarte, Gustavo Burla, Louise Nascimento, Mariana Virgílio, Raíssa Varandas e Táscia Souza, a equipe traz na obra “Pôquer a seis” contos com atmosferas diferentes em torno de um mesmo ambiente: o espaço clandestino do pôquer, que exige diferentes facetas, blefes, malícia. As seis narrativas criadas a partir de uma pesquisa de personagens e arquétipos serão ilustradas pelo artista visual Bernard Martoni com traços característicos, seguindo a atmosfera psicológica de cada história.
Self, Ego, Sombra, Persona, Anima e Animus, os principais jogadores segundo a psicologia junguiana, cujas faces o ser humano assume para, em cada momento, apostar suas fichas na vida, são os personagens de cada conto. Para cada autor(a), um(a) protagonista e um aspecto psicológico para desenvolvê-lo em seu conto.
A literatura como jogo
O financiamento coletivo do livro vem sendo realizado desde novembro de 2017, alcançando quase R$ 10 mil até o momento. A arrecadação, ainda em progresso, ocorre através de uma página online no Catarse, que gera boletos com valores a partir de R$ 15 para os possíveis colaboradores. O “Pôquer a seis” já alcançou 45% do valor, com a ajuda de 128 pessoas, e o restante tem que ser arrecadado até o próximo dia 19. É importante ressaltar que, por se tratar de uma campanha de cunho “tudo-ou-nada”, para receber o valor levantado, a meta de arrecadação deve ser batida; caso contrário o beneficiado não tem acesso ao valor, que é devolvido aos apoiadores.
Aqueles que apostarem suas fichas neste financiamento recebem recompensas que incluem desde o livro autografado e nome na lista de agradecimentos até microcontos exclusivos escritos e autografados pelos autores – constando uma palavra escolhida pelo doador -, desenhos originais feitos por Bernard Martoni, arte original produzida pelo artista plástico Petrillo para a capa do volume e oficinas de escrita com o Hupokhondría.