A descoberta do direito de realizar sonhos
Quando eu entrei foi muito legal, as pessoas começaram a me gritar. Foi tudo muito lindo, que experiência maravilhosa! Foi muito mais do que tinha imaginado”, me disse Júlia de Lima com um sorriso perceptível na fala
Quando o assunto baile de debutantes chegou na caixa de e-mails como pauta, minha primeira reação foi buscar entender qual significado teria o rito nos tempos em que vivemos. Toda e qualquer ideia que eu pudesse ter a respeito sobre este tipo de festa caiu por terra durante a apuração. Por meio de redações compostas por palavras sinceras, honestas e com uma carga emocional intensa, fui apresentado a quatro meninas, uma pequena amostra entre 40 classificadas em um concurso de redação. Os textos foram usados como provas para a seleção das participantes do baile coletivo promovido pela Casa de Cultura Evailton Vilela.
Só fui ver o rosto das adolescentes cerca de um mês depois do contato com os textos, quando fui à casa de cada uma delas. Nesse contato, me surpreendi ainda mais com as histórias e com os relatos fortes, a postura firme diante de suas próprias dores e alegrias.
Conhecendo um pouco mais sobre as suas realidades, pude perceber que um baile de debutantes pode ir muito além dos primeiros sonhos. A festa foi um instrumento de acesso, uma forma de dar protagonismo a mulheres jovens, moradoras da periferia em processo de formação, que quase nunca têm suas vozes ouvidas em uma sociedade que não é empática e nem justa com elas. Os olhos voltados para essas garotas, para suas vontades, anseios e planos, me deu esperança de ver outros sonhos delas, e de muitas outras meninas, tomando forma e, futuramente, se convertendo em belas realidades.
Gostaria de ter testemunhado o momento delas, como não foi possível, busquei novamente as opiniões das protagonistas sobre o que se passou. “Quando eu entrei foi muito legal, as pessoas começaram a me gritar. Foi tudo muito lindo, que experiência maravilhosa! Foi muito mais do que tinha imaginado”, me disse Júlia de Lima com um sorriso perceptível na fala. Maria Carolina Mariano contou sobre o dia com o mesmo entusiasmo de Júlia. “Fui para o hotel e pude socializar com as outras meninas, cresceu uma amizade boa e foi um dia muito legal. A valsa, tudo na hora do baile, também foi ótimo.”
Maria Luiza Teixeira Tres contou que gostaria de viver cada momento do baile novamente. “Passou tão rápido, queria que tivesse demorado mais, porque foi tudo maravilhoso. Não pensava que ia ser aquela festona, eu amei.” Já Victória Helena de Paula Matias disse ter aproveitado ao máximo cada minuto. “Ficamos lá até as 4h. A gente se divertiu muito. Teve gente que saiu até com o pé doendo de lá, eu inclusive. Foi muito importante para mim. Me senti muito bem.”
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