Juiz de Fora tem quase 8 mil procedimentos cirúrgicos eletivos em espera

Cirurgias do aparelho geniturinário concentram maior demanda; Município adere a programa do Governo federal com objetivo de acelerar realização dos procedimentos


Por Nayara Zanetti

30/12/2025 às 06h00

A fila de espera para cirurgias eletivas em Juiz de Fora quase dobrou nos últimos quatro anos. Conforme noticiado pela Tribuna em dezembro de 2021, o Sistema Único de Saúde (SUS) no município acumulava 4.066 procedimentos eletivos represados. Naquele momento, o número foi considerado alto pela própria Secretaria de Saúde (SS). Atualmente, esse quantitativo chega a 7.913, de acordo com dados atualizados pela própria pasta, e evidenciam um problema que se intensificou desde a pandemia de Covid-19.

Questionada pela Tribuna sobre as razões para o aumento da demanda represada, a SS informou que a suspensão das cirurgias eletivas durante a pandemia teve impacto direto na ampliação das filas, considerando que já existia uma espera anterior. Também destacou que Juiz de Fora atua como referência regional, atendendo pacientes de mais de 200 municípios, o que contribui para uma pressão sobre a rede de atenção especializada

Além disso, a SS reforçou que, diante desse cenário, medidas estão sendo adotadas para otimizar o atendimento, como a análise contínua da fila regulada, com priorização de pacientes em maior risco, e a busca por novos prestadores para ampliar a oferta de serviços.

Entre as especialidades com maior volume de procedimentos represados, a cirurgia do aparelho geniturinário concentra a principal demanda no município: são 1.771 procedimentos em fila de espera, segundo os dados mais recentes.Desse total, 752 cirurgias referem-se a procedimentos de útero e anexos, seguidas por 281 intervenções no pênis e 257 cirurgias de rim, ureter e bexiga.

Também aparecem na lista 180 procedimentos envolvendo bolsa escrotal, testículos e cordão espermático, além de 142 cirurgias de próstata e vesícula seminal. A demanda inclui, ainda, 128 procedimentos de vagina, vulva e períneo e 31 cirurgias de uretra, evidenciando a pressão sobre uma área que reúne atendimentos urológicos e ginecológicos de média complexidade. 

As cirurgias do aparelho digestivo, órgãos anexos e parede abdominal aparecem em segundo lugar, totalizando 1.312 pacientes na fila. 

Programa ‘Agora Tem Especialistas’

Juiz de Fora passou a integrar as ações do programa federal “Agora Tem Especialistas”, iniciativa do Governo federal, com o objetivo de ampliar o acesso a procedimentos eletivos no SUS. A adesão do município ocorreu por meio da participação de hospitais filantrópicos e universitários em uma mobilização nacional que aconteceu nos dias 13 e 14 de dezembro, direcionada a pacientes que já aguardavam atendimento nas filas de regulação.

Na cidade, os atendimentos foram realizados pelo Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), além dos hospitais Ascomcer, Evandro Ribeiro e São Vicente de Paulo. A ação contemplou diferentes especialidades médicas e a realização de cirurgias eletivas, incluindo procedimentos oncológicos, ortopédicos, oftalmológicos e de otorrinolaringologia.

O programa “Agora Tem Especialistas” tem como proposta ampliar a oferta de consultas, exames e cirurgias de média e alta complexidade em regiões com demanda reprimida, como é o caso de Juiz de Fora. A PJF informou que, até o momento, não é possível mensurar numericamente o impacto do programa, em razão da dinâmica das portas de urgência, que interfere diretamente na capacidade de realização das cirurgias eletivas. 

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