Moradoras da região compartilham relatos de gravidez após os 40 anos
Ser mãe após os 40 anos já é uma realidade para muitas mulheres; assunto ganhou repercussão com anúncio da gravidez da atriz Cláudia Raia

Engravidar pode ser um processo complexo para muitos casais. Na prática, há muitos fatores que podem dificultar o desejo de pessoas se tornarem pais e mães. Questões genéticas ou mesmo fatores de risco, como tabagismo, consumo de álcool e peso, podem ser complicadores. Além disso, a idade também é um fator importante a ser levado em consideração. Segundo a Huntington Pró-Criar, especializada em Medicina reprodutiva, entre 43 e 45 anos, as chances de engravidar são de 0,2% durante o mês e 1% durante um ano de tentativas. No entanto, tornar-se mãe após essa idade tem sido uma realidade na vida de muitas mulheres atualmente. Na última semana, o assunto ganhou repercussão nacional com o anúncio da gravidez tardia da atriz Cláudia Raia, aos 55 anos.
A gestação tardia faz parte da vida de muitas mulheres, inclusive leitoras da Tribuna, que compartilharam suas histórias. Nair, 52, é uma delas. Ela sempre sonhou em ser mãe, desde o início de seu casamento estava pronta para ter um filho, mas não conseguia engravidar de forma natural. Foi então que buscou por profissionais especialistas em reprodução, e conheceu a fertilização in vitro (FIV), aos 40 anos. O sonho de ser mãe, entretanto, precisou ser adiado devido à descoberta de um nódulo no ovário. Nair precisou esperar cinco anos após a retirada. Depois deste processo, ela voltou ao tratamento para tentar a gravidez. Outro processo, conforme conta, longo e doloroso, já que passou por quatro abortos no período. “A emoção maior foi quando eu ouvi o coração da minha filha bater, quando o médico disse que o coração dela estava batendo”, lembra Nair sobre a sensação de descobrir que estava grávida.
Preconceito
O tratamento para engravidar é delicado, conforme conta quem passa pelo processo. São muitas emoções, falsas esperanças e momentos de medo. Para deixar ainda mais difícil a situação, muitas mulheres que buscam a fertilização passam por uma série de julgamentos de amigos e familiares. “As pessoas me julgavam desde o início, em todas as tentativas, a maioria falou para eu não tentar, que era um absurdo eu querer isso”, conta Nair. “Mas nada me fez desistir, tudo o que falavam, eu não ligava para nada disso”, completa. Sua filha nasceu quando ela tinha 51 anos, após 16 anos desde que começou a tentar ter um bebê.
Nair acredita que para quem deseja ser mãe, vale a pena passar pelo processo. “Eu digo para as mulheres que querem engravidar, para não desistir, correr atrás do sonho. Eu corri atrás, lutei muito, passei por muitas dificuldades, mas foi maravilhoso, tive uma gravidez ótima, tenho uma menina linda e valeu cada momento que eu passei. A gente pode se arrepender de ter tentado, jamais de não ter tentado.”
Diferentes tratamentos
A médica Fernanda Polisseni, doutora em ginecologia na área de Concentração em Reprodução Humana, explica que o tratamento pode ser diferente para cada pessoa. “Sabemos, com respaldo da Ciência, que a idade influencia diretamente na capacidade reprodutiva, tanto no que diz respeito à quantidade dos óvulos, quanto à qualidade. Então, as mulheres precisam estar atentas ao seu planejamento reprodutivo para que não haja frustrações no futuro. Hoje, a Ciência oferece recursos para preservar a fertilidade através do congelamento de óvulos”, afirma a médica.
O congelamento de óvulos é uma das opções para quem decide pela gravidez após os 40 anos. Segundo explica a médica, a paciente pode congelar os óvulos ainda em idade mais jovem. O material poderá ser usado mais tarde para uma gravidez saudável e segura. Outra forma de se engravidar por FIV seria através de uma doação de óvulos, anônima ou de um parente de até quarto grau. De acordo com a médica, neste caso, as chances de alcançar a gestação chegam a 50-60% por tentativa.
‘Ovodoação’
Uma auxiliar de consultório odontológico, 42, que optou por não ter seu nome divulgado, contou sobre a sua história com a doação de óvulos, a “ovodoação”. Ela decidiu ser mãe aos 37 anos, quando passou a tentar a engravidar de forma natural, por um ano. A gravidez, contudo, não aconteceu, e ela e o marido, decidiram procurar uma clínica de fertilização. Por conta da idade, a chance de utilizar os seus próprios óvulos para ser mãe foi ficando cada vez menor. “Sempre que ia à clínica fazer exames e tinha uma resposta negativa saía aos prantos e o medo de não conseguir ter um filho ia aumentando”, conta.
Com o passar do tempo, conta, sua médica especialista apresentou a possibilidade da doação anônima de óvulos. Após muito pensar, ela decidiu realizar o processo e recebeu dois embriões, apenas após 10 dias ela teria a certeza se teria dado certo. “Quando saí de lá tinha certeza que estava grávida, foram os 10 dias mais longos da minha vida, uma angústia e muitos sonhos. Sonhava já com o rosto da minha filha”, conta ela.
O dia tão esperado chegou e foi só emoção para o casal. “Por volta de meio dia o meu marido desceu correndo as escadas do terraço, já chorando, e com sorriso no rosto me deu o tão esperado sim, me ajoelhei no chão e fui às lágrimas e nos abraçamos”, fala ela sobre a emoção de ter finalmente conseguido ser mãe aos 42 anos. “O prazer em ser mãe é insubstituível, não importa a idade, pois nunca é cedo ou tarde para realizar um sonho”, finaliza.
Atriz Cláudia Raia tem gravidez aos 55 anos
No dia 20 de setembro, a atriz Cláudia Raia, 55 anos, anunciou que está grávida de 4 meses, um caso raro de se acontecer, considerado gravidez tardia. A atriz já possui dois filhos com o ator Edson Celulari, Sophia, de 19 anos e Enzo, de 25. Há mais de 12 anos ela está com o ator e bailarino Jarbas de Mello, que sempre teve vontade de ser pai. Em entrevista concedida, no último domingo (25), à jornalista Renata Ceribelli, no Fantástico, a atriz falou que está preparada e cheia de vigor com a notícia.
“Aonde está escrito o que a ‘mulher de 50’ não pode fazer? Pode fazer tudo!”, rebate a atriz quando recebe críticas por estar grávida com a sua idade. Cláudia contou que tinha congelado alguns óvulos aos 48 anos e os implantou aos 55 anos, via fertilização in vitro. No seu caso, após alguns dias do procedimento, foi constatado que o embrião gerado não evoluiu. A atriz então, alega ter deixado de lado o assunto, “para não ir contra o destino”.
Contudo, no processo da fertilização, a atriz realizou uma terapia hormonal com estrogênio, ao final de 2021. Conforme contou, o processo foi uma tentativa para aumentar as chances de uma possível gravidez tardia. Semanas depois ela contou que precisou ir ao médico fazer exames de rotina. Os resultados estavam bastante alterados, e o médico começou a investigar a possível causa. Houve a constatação de que a atriz estava ovulando, com três folículos de um lado e dois do outro. Um exame de gravidez foi solicitado e veio com a notícia que surpreendeu a todos, ela estava grávida aos 55 anos.
A médica Fernanda Polisseni explica que o caso é muito raro, já que a chance de uma mulher engravidar naturalmente após os 45 anos antes da menopausa é menor que 1%, e que já tendo ocorrido a menopausa a chance é próxima de zero. No caso de Cláudia, a atriz não deixou claro como a gestação ocorreu, mas é provável que a preparação com os hormônios tenha influenciado, segundo explica a médica. Assim, o óvulo pode ter sido fecundado naturalmente. “Cientificamente falando, as chances nessa idade seriam próximas de zero. Então, caso tenha sido natural , trata-se de uma situação extremamente rara e improvável”, afirma a médica que analisou o caso.
A nova mamãe é conhecida por possuir um estilo de vida extremamente saudável há anos, algo que pode ter contribuído para que a gravidez tardia se consolidasse. “Hábitos de vida saudáveis contribuem positivamente para todos os sistemas do organismo, inclusive para o reprodutor. Independente se a gravidez acontece naturalmente ou por fertilização in vitro, óvulos próprios ou doados, uma vida saudável ajuda sem dúvidas nas taxas de gravidez”, afirma a médica.