Índice Firjan: JF ocupa 89º lugar no ranking mineiro de desenvolvimento
Município tem melhora no desempenho em Educação e leve queda em Saúde e Emprego e Renda
Juiz de Fora cresceu cerca de 5% no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), mas apresenta queda em posições nos rankings estadual e nacional, segundo dados de 2023 comparados aos dez anos anteriores. A análise também identificou que, no mesmo período, o índice Educação cresceu aproximadamente 30%, passando do conceito de desenvolvimento baixo, em que apresentava estagnação, ao moderado. Já Emprego e Renda diminuiu cerca de 4%, mantendo-se com desenvolvimento alto; enquanto a queda em Saúde, de cerca de 1,32%, estabilizou este índice no conceito moderado.
De acordo com os últimos dados publicados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o município de Juiz de Fora ocupa a 89º posição no ranking estadual e a 847º posição no nacional no ranqueamento que avalia as cidades mais desenvolvidas. Em 2013, o município ocupava a 14º posição do ranking estadual, caindo 75 posições; enquanto no ranqueamento nacional apresentou uma queda maior, saindo da posição 314º para 847º — o que representa um declínio de 532 posições.
Segundo Marcio Felipe Afonso, especialista em Estudos Econômicos da Firjan, o município registrou uma leve melhora no índice geral, mas o avanço foi inferior ao observado na maior parte dos municípios brasileiros.
Educação: único indicador a apresentar crescimento
Conforme os dados da série histórica do índice, entre os três indicadores (saúde, educação e emprego e renda), o único a apresentar aumento significativo no município foi o de Educação. Entre 2013 e 2023, houve um crescimento de quase 30% deste indicador.
A evolução anual mostra que, em 2013, o índice apresentava resultado de 0.5198. Nos cinco anos que se seguiram, houve oscilações, mas mantendo-se no conceito de desenvolvimento baixo. Somente em 2019, o indicador alcançou o conceito moderado. Contudo, em 2020 e 2021, voltou a cair, regressando ao nível baixo. A retomada ao conceito de desenvolvimento moderado se deu a partir de 2022, repetindo o resultado no ano seguinte. Nesses dois anos, o indicador apresentou aumento de 21%.
Conforme a avaliação do especialista da Firjan, mesmo com os resultados estáveis do município no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o crescimento deste indicador se deve à queda do abandono escolar no Ensino Fundamental e Médio, ao recuo da distorção idade-série e ao aumento da cobertura de creches e da oferta de ensino em tempo integral no Ensino Médio.
Segundo Weslem Faria, economista e professor da Faculdade de Economia da UFJF, a educação já era um setor forte de Juiz de Fora há dez anos, principalmente na educação superior, onde havia, anteriormente, cerca de vinte instituições voltadas às graduações. “Acredito que a educação pública tenha melhorado na cidade por uma questão da rede municipal. Talvez seja este um dos grandes destaques, tanto na melhora qualitativa quanto na questão de creches.”
Queda na cobertura vacinal impacta
Os índices de Saúde e de Emprego e Renda sofreram quedas tímidas nos últimos anos, de 1,32% e 4% respectivamente, mas mantiveram-se nos conceitos de desenvolvimento moderado e alto, nesta ordem.
A avaliação de Marcio Felipe Afonso sobre a Saúde é de que, apesar dos avanços com a redução da taxa de gravidez na adolescência e com a melhora no acompanhamento pré-natal das gestantes no município, houve, no mesmo período, queda nas coberturas vacinais da pentavalente e da poliomielite. Como explica, “esses recuos impactaram diretamente a nota do indicador de cobertura vacinal, que representa parcela importante do IFDM Saúde”.
A queda do indicador de Emprego e Renda é atribuída, segundo o especialista, à redução do PIB per capita e a menor proporção de desligamentos voluntários, que indicam menor mobilidade e dinamismo no mercado formal no município. “Embora o número absoluto de empregos tenha crescido no período (de 153,6 mil para 161,2 mil), esse aumento ocorreu em ritmo inferior ao crescimento da população de 14 anos ou mais, o que impactou negativamente o nível de emprego relativo”, esclarece.
Weslem Faria observa que a estabilidade do indicador de Saúde na cidade é interessante, como também esperado. Ele lembra que, ao estudar a região, verifica-se que é polo tanto do setor de educação, quanto de saúde. “Há dez anos já ofertava serviços de saúde de alta complexidade, e as cidades vizinhas vêm para Juiz de Fora para ter esse atendimento. A cidade contempla toda essa parte de serviços de saúde”, ressalta.
O economista acredita que o índice de Emprego e Renda do município não teve uma variação tão expressiva, destacando as oscilações no setor de serviços. “A cidade sempre dependeu mais do setor de serviços e da construção civil, enquanto o comércio e o setor industrial ficaram praticamente estáveis.”
Minas Gerais: desenvolvimento moderado e baixo
Dos 853 municípios mineiros, somente 16 estão conceituados com desenvolvimento alto pelo IFDM, o que representa 1,88%. Entre as cidades mineiras mais bem posicionadas no ranking estadual, estão Poços de Caldas, Alfenas, Pará de Minas, Uberlândia, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre, Ipatinga, Formiga, Divinópolis e Patos de Minas.
Em contrapartida, somente quatro municípios mineiros estão com desenvolvimento crítico: Fronteira dos Vales, Santa Helena de Minas, Bertópolis e São João das Missões. O restante dos 833 municípios divide-se entre desenvolvimento moderado e baixo.
Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal
De acordo com Marcio Felipe Afonso, especialista em Estudos Econômicos da Firjan, o índice pode ser usado como uma ferramenta para orientar as políticas públicas nos municípios, permitindo acompanhar e identificar os avanços, seja por ações locais ou por reflexo da piora de outros municípios. Com base nos resultados, como explica, “os gestores podem alocar melhor os recursos e fazer ajustes estratégicos que promovam o desenvolvimento e melhorem a qualidade de vida da população”.
