Em mais um ato por vítima de homicídio no Aeroporto, família cobra justiça

Objetivo foi mobilizar as pessoas e pressionar as autoridades


Por Bernardo Marchiori*

29/03/2025 às 14h13- Atualizada 29/03/2025 às 16h56

Em mais um ato por vítima de homicídio no Aeroporto, família cobra justiça
(Foto: Leonardo Costa)

Quase uma semana após o homicídio de Sebastião Felipe Ladeira, de 37 anos, no Bairro Aeroporto, uma nova manifestação foi realizada para cobrar justiça. Com a presença de familiares, amigos e outras pessoas que se mobilizaram com o caso, o ato foi marcado por emoção, principalmente, da mãe e da irmã da vítima.

A concentração ocorreu em frente ao Fórum Benjamin Colucci, próximo ao Parque Halfeld, no Centro. Por volta de 12h, as pessoas presentes saíram em passeata em direção à Rua Marechal Deodoro, subiram a Rua Halfeld, pararam por um tempo em frente à Câmara Municipal, com o objetivo de “conseguir manifestação por parte dos vereadores”, conforme a organização. Por fim, voltaram à porta do Fórum. O percurso durou pouco mais de uma hora e emocionou, também, a população nas ruas.

O intuito do ato é “fazer com que a justiça seja feita”, como conta Marlene Ladeira, irmã da vítima. “O objetivo é que ninguém fique impune. Queremos mobilizar as pessoas e pressionar, pois, infelizmente, é assim que funciona. Nós e a sociedade estamos colocando pressão para que os responsáveis não consigam se safar”, reforça. “Eu não concordo que isso fique impune. É o meu filho. Tem que ter justiça por essa covardia que fizeram com ele”, reverberou, no megafone, a mãe da vítima, Ana Maria Ribeiro.

Na tarde da última terça-feira (25), a Tribuna acompanhou outro ato de familiares e amigos clamando justiça. Na ocasião, depois de colar cartazes no muro da boate Madeira’s Lounge, onde foi iniciada a briga entre a vítima e os suspeitos, os presentes fizeram orações. Em seguida, o grupo se deslocou a pé até o local do crime, na Rua Otávio Fernandes Coelho, no Bairro Aeroporto, refazendo a trajetória de Sebastião Felipe antes do homicídio.

A família informou que serão realizadas duas missas de sétimo dia para Sebastião Felipe. A primeira acontece neste sábado, às 19h, na Região Nordeste de Juiz de Fora, no Bairro Granjas Betânia, onde a vítima cresceu. Já a segunda está marcada para este domingo (30), em Guarani, cidade natal da família, às 9h, com caminhada da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo até o túmulo da vítima no cemitério.

interna felipe ladeira
(Foto: Leonardo Costa)

Oito suspeitos do homicídio foram presos

Sebastião Felipe foi morto na madrugada do último domingo (23). Até o momento, oito suspeitos foram presos. De acordo com informações da Polícia Civil, o número de investigados no caso subiu para dez pessoas. Cinco, que estavam presos em flagrante, tiveram a prisão convertida em preventiva, em despacho feito pela juíza Joyce Souza de Paula.

A delegada Camila Muller informou que ouviu outras três testemunhas na sexta-feira (28) e que, no decorrer dos próximos dias, a corporação vai continuar diligenciando. “Tão logo a investigação seja concluída, a Polícia Civil se compromete a prestar informações à população.”

Investigação aponta dinâmica do crime

A versão inicial do crime, registrada no Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), teve alterações desde que o caso começou a ser investigado. A delegada responsável pelo caso havia destacado que trabalhava com todas as hipóteses e que a linha temporal do crime ocorrido ainda estava sendo traçada.

Segundo a titular, vídeos gravados por testemunhas e divulgados nas redes sociais poderiam levar a crer que a vítima teria sido colocada dentro do porta-malas de um carro, versão corroborada pelo registro da Polícia Militar. Contudo, as atualizações apontam que Sebastião Felipe não teria sido retirado do carro e sequer entrado no veículo – a contragosto dos suspeitos que supostamente teriam tentado fazer isso.

“O rapaz não foi enfiado no porta-malas, o carro chega depois”, explica a delegada, a partir do que já foi esclarecido até o momento. “Aquele vídeo (que circulou nas redes sociais) mostra que ele foi alcançado a pé depois de sair correndo, e o carro branco chega. Nesse momento, eles (os suspeitos) abrem o porta-malas, até tentam colocar o Sebastião no veículo, mas isso não acontece”, explica.

Após não conseguirem colocar a vítima no carro, o homem passa a ser incessantemente agredido – mas, ainda, não se pode afirmar se na sequência ele teria sido ou não atropelado, conforme a delegada. Além disso, as investigações também apontam que os clientes não teriam sido impedidos de sair da boate Madeira’s Lounge, onde teve início a confusão que culminou no homicídio. Apesar de o portão do local ter sido fechado, a entrada não teria sido cerrada.

*Sob supervisão da editora Gracielle Nocelli

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